Após o maior atentado a tiros nos Estados Unidos, ocorrido no início do mês de outubro, o armamento da população tem entrado também em pauta na sociedade brasileira. O Senado aprovou, em 27 de setembro, um projeto de lei que libera o porte de armas para agentes de trânsito. No mês de agosto, um plebiscito para se revogar o Estatuto do Desarmamento também foi proposto pelo senador Wilder Morais (PP-GO). Diante desse contexto, no quadro Fala Aí, a ouvinte faz um questionamento sobre as consequências de se ter uma arma em casa.
"Meu nome é Yasmin, sou assistente da área comercial e gostaria de saber de um especialista o que ele acha sobre o armamento da população. Quando eu falo da população, eu me refiro ao armamento dentro da casa de uma família, se isso realmente traz segurança ou, ao invés de segurança, a possibilidade de uma tragédia com essa arma dentro da casa dessa família”.
“Meu nome é Ignácio Canos, sou professor da UERJ, no Rio, e membro do Laboratório de Análise da Violência. Em relação à pergunta de Yasmin, que é muito relevante, sobre o armamento nas mãos da população, os dados mostram que, no mundo inteiro, a distribuição de armamento é um fator de risco e não de proteção. Então, por exemplo, têm pesquisas que mostram que as pessoas que têm armamento em casa correm um risco maior de serem vítimas de homicídio, por exemplo. Ou que a arma que as pessoas guardam em casa é mais provável que seja usada contra a própria pessoa, via suicídio, acidente ou roubada e usada para cometer uma agressão do que para proteger essa própria pessoa. Acho que o melhor exemplo de como a arma na mão dos civis é um risco é que os policiais no Brasil morrem, sobretudo, na folga e se defendendo de assaltos, de roubos. Se um policial, que é um profissional de segurança, muitas vezes acaba sendo ferido ou morto numa situação de assalto, o que não acontecerá com esse civil que não tem esse preparo? Então, quanto menos armas tiverem em circulação na sociedade, mais segura ela será", finaliza.
Edição: Camila Salmazio