O movimento dos empregados da Caixa Econômica Federal sempre foi heterogêneo. Vários são os grupos, as correntes, as forças. Há ainda as especificidades regionais, estaduais, municipais e até de bairro. Existe, no entanto, um consenso: quando a luta requer, nos momentos mais difíceis, a categoria tem provado que é uma das mais fortes e unidas do país. Avanços e conquistas não vieram por acaso ao longo dos anos.
Agora, mais uma vez, é hora de colocar as diferenças de lado e combater o verdadeiro inimigo. Estão cada dia mais escancarados os planos o governo federal para enfraquecer e privatizar o banco. Se será com abertura de capital ou fatiamento de áreas importantes como loterias, cartões e seguridade, pouco importa. A manutenção do caráter 100% público da Caixa deve ser o principal objetivo da mobilização de empregados e entidades representativas.
A Caixa é o banco da habitação. Graças a ela, milhões de brasileiros realizam o sonho da casa própria todos os anos. Só por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, que é operado pela Caixa, mais de 2,6 milhões de famílias foram beneficiadas desde 2009. São quase R$ 300 bilhões investidos, o que possibilitou, nesses oito anos, a entrega de 1.200 moradias por dia e a geração de 1,2 milhão de empregos.
Em relação ao FGTS, a Caixa também é fundamental. Ela administra hoje recursos da ordem de R$ 490 bilhões e realiza mil pagamentos a cada 10 minutos. Aliás, que outro banco abriria aos sábados para que 26 milhões de brasileiros sacassem as contas inativas? Além de socorrer trabalhadores nas dificuldades, o Fundo de Garantia ajuda no desenvolvimento do país. Mais de 4 mil cidades já tiveram obras financiadas com recursos do FGTS.
Mas a Caixa é também o banco dos programas sociais, do saneamento básico, da poupança, do esporte, da cultura, das Loterias, dos municípios. Impossível encontrar um cidadão que não tenha alguma relação com a Caixa, mesmo que boa parte não tenha noção disso. O banco está hoje em praticamente todas as cidades, até mesmo nos rios da Amazônia, uma capilaridade que gera orgulho e, claro, a cobiça dos concorrentes.
Propostas de privatização já foram derrotadas no passado. Foi assim entre 1995 e 2002, quando diversas empresas públicas foram preparadas para tornar-se espaços de obtenção de lucro. E também no final de 2014. A reação dos empregados da Caixa agora não será diferente. As mobilizações, aliás, se intensificam a cada dia.
Não há outro caminho. É hora de esquecer projetos pessoais e disputas internas, priorizando a luta em defesa do banco 100% público. Defender a Caixa é defender o Brasil!
(*) Jair Pedro Ferreira, empregado da Caixa desde 1989, é presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).
Edição: Rede Brasil Atual