Na manhã de domingo (29), mulheres de diversos movimentos populares como a Marcha Mundial das Mulheres, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e a Central de Movimentos Populares (CMP) ocuparam a Casa da Mulher Brasileira, projeto criado pelo primeiro governo de Dilma Rousseff para concentrar diversos serviços relacionados às políticas para as mulheres.
A Casa da Mulher Brasileira de São Paulo está pronta desde dezembro de 2016 e tinha inauguração prevista para janeiro de 2017, mas, para diversos movimentos populares de mulheres, ela se mantém fechada por "falta de vontade política" dos governos municipal e federal.
Em matéria publicada em agosto deste ano, Brasil de Fato informou sobre a alegação da Prefeitura de São Paulo de que ainda não teria recebido posse do equipamento da pelo governo federal.
Na mesma reportagem, a ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres na gestão Dilma, Eleonora Menicucci, contou que, ao ser retirada da Secretaria com o golpe, deixou o dinheiro necessário para a finalização da casa empenhado. Ou seja, o orçamento previa a reserva do recurso para a obra.
A casa prevê a administração das prefeituras e a participação de serviços estaduais. Em nota divulgada, as mulheres que realizaram a ocupação afirmam que "os governos estadual e municipal de São Paulo não têm interesse em fazer funcionar um serviço de atendimento as mulheres. Falta vontade politica. Quando inaugurada, esta Casa poderá servir às pessoas da comunidade a sua volta e também mulheres que sofrem violência e moram em áreas onde não há equipamentos de atendimento a violência contra a mulher."
Ainda no comunicado os movimentos denunciam o desmonte das políticas para as mulheres do governo federal e municipal: "Temer cortou mais da metade do orçamento para as políticas direcionadas para mulheres em situação de violência. Com o corte, o valor passou de R$42,9 milhões para R$16,7 milhões. Já Doria congelou R$3 milhões do orçamento para os serviços de atendimento às mulheres, além disso, está acabando com os serviços como os Centros de Defesa e convivência da Mulher (CDCM) e os Centros de Referência da Mulher (CRM)."
Durante a ocupação as mulheres instalaram uma rádio que está transmitindo online. Nesta segunda-feira às 09:00 os movimentos de mulheres farão uma caminhada até a Prefeitura e o Ministério Público para entregar um documento exigindo que o município coloque a Casa da Mulher Brasileira em funcionamento.
Edição: Mauro Ramos