Os três militantes brasileiros que haviam sido detidos no Zimbábue, na sexta-feira (10), foram soltos neste sábado (11), após pagamento de fiança de $100 dólares cada. Eles integravam uma comitiva de direitos humanos que visitava uma região de mineração de diamantes em Mutare, a 270 quilômetros da capital do país, Harare, próximo à fronteira com Moçambique.
Entre os detidos, dois são do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) — Jarbas Vieira e Maria Julia Gomes Andrade —, e o terceiro, é da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Frei Rodrigo Peret.
Os brasileiros passaram por uma audiência de conciliação no início da manhã deste sábado e, ao serem liberados, foram enviados pela Embaixada brasileira para a capital africana. Em nota, o cônsul brasileiro em Harare, Thiago Couto Carneiro informou que eles “foram acusados de entrar em uma área restrita, de extração diamantífera”.
Ainda de acordo com Carneiro, além da assessoria da Embaixada brasileira, o grupo contou com assistência jurídica de um conjunto de advogados da organização Zimbabwean Lawyers for Human Rights.
Outros 19 militantes de países da África permanecem detidos. Ativistas se organizam para arrecadar a quantia necessária para a liberação de todos. Os brasileiros estão no Zimbábue desde a quarta-feira (8) e têm viagem de volta para o Brasil marcada para a próxima segunda-feira (13).
Leia a nota do cônsul brasileiro, Thiago Couto Carneiro, na íntegra:
Caros,
Após um incidente desagradável com a polícia local- que depois reportarei por Tel- finalmente consegui falar brevemente com os três nacionais brasileiros detidos, antes do julgamento.
Segundo relatado, foram acusados de entrar em uma área restrita, de extração diamantífera, o que teria acontecido pela falta de cuidado dos organizadores do evento. Disseram que não houve violência física por parte da polícia e que agradeciam a assistência consular.
O grupo conta com assistência jurídica proporcionada por um conjunto de advogados, entre os quais representantes da organização Zimbabwean Lawyers for Human Rights.
Em conversa com uma advogada, foi-me dito que a estratégia do caso seria a aceitação de culpa pela entrada indevida em área restrita- o que teria se dado sem dolo.
Esperavam que o magistrado realizasse ainda hoje pela manhã o julgamento e que imponha apenas o pagamento de uma multa, após o que todos deveriam ser imediatamente liberados.
Aguardei o julgamento na corte criminal de pequenas causas.
O juiz acatou os argumentos da defesa, quanto à primariedade dos réus e as circunstâncias atenuantes. Estipulou multa de USD 100 . O pagamento foi feito pelas entidades de direitos humanos.
Após o julgamento, encontrei-me novamente com os brasileiros.
Ofereci a eles água e comida quente, pois não faziam uma refeição completa há muitas horas, o que agradeceram. Indaguei se haveria algo mais que pudesse ser feito pela embaixada.
Disseram que não se sentiam seguros em Mutare e solicitaram transporte até Harare, onde se hospedarão até sua partida. Por fim, agradeceram muito todo o apoio prestado.
Nesse sentido, creio poder dizer que, dentro do possível, a situação se resolveu de modo razoável. Vamos tentar sair agora.
Faremos relato de tudo por Tel.
Abs,
Thiago
Edição: Camila Salmazio