Militantes de diversas áreas e movimentos populares dos estados da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia integram a turma do II Curso de Especialização em Promoção e Vigilância em Saúde Ambiente e Trabalho. A aula inaugural ocorreu no último sábado (11) e contou com a presença de Alexandre Padilha, médico e ex-ministro da Saúde no Governo Lula, e Gilmar Mauro, da direção nacional Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A atividade aconteceu no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, em Caruaru (PE).
O curso terá 14 módulos e tem a proposta de compartilhar saberes entre pessoas vinculadas ao debate de saúde e de meio ambiente. Além dos militantes, participam profissionais, estudantes e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Estão entre os realizadores dessa formação a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, a Escola Fiocruz de Governo da Gerência Regional de Brasília (EFG/Gereb/Fiocruz), em cooperação com o Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco (IAM/Fiocruz) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz (EPSJV).
Foram debatidas na aula inaugural questões como a necessidade de resistir aos retrocessos sofridos após o golpe de Michel Temer e que contribuem para o adoecimento da população, como o desmonte dos direitos trabalhistas, a reforma da Previdência e o congelamento da verba destinada à saúde e à educação por 20 anos.
"Precisamos fortalecer o SUS e resistir aos ataques sucessivos da iniciativa privada. Este é um curso que busca a formação de profissionais comprometidos com o SUS e com a saúde do povo. E ele é extremamente importante para resistirmos, aprendermos juntos e construirmos processos de luta", explica Marcela Vieira, da Rede de Médicas/os Populares.
Em sua fala, o ex-ministro da saúde Alexandre Padilha enfatizou os avanços que ocorreram no fortalecimento do SUS nos últimos anos, principalmente com o processo de interiorização e ampliação da atenção primária em saúde através do Programa Mais Médicos para o Brasil, e enfatizou o quanto ainda é necessário avançar no processo de vigilância em saúde relacionada às intervenções no território. "A iniciativa do curso traz a necessidade de elaborarmos juntos sobre essa temática. O desafio de não deixarmos de resistir em meio a tantos ataques", pontuou.
Para Gilmar Mauro, do MST, é necessário pensarmos com o "pessimismo da razão", pois por estarmos em uma crise sem precedentes, é necessário termos um planejamento a longo prazo. "A tempestade muitas vezes arranca alguns galhos, destrói alguns telhados, mas as árvores que possuem raízes profundas resistirão. A natureza nos ensina que colhemos o que plantamos e somente se plantarmos desde já o mundo que queremos ver nascer é que conquistaremos", disse.
Os módulos do curso acontecerão uma vez por mês e seguem até dezembro de 2018 com a proposta do incentivar o aprendizado coletivo e o intercâmbio de experiências. Para Augusto Cézar, do setor de saúde do MST e da Rede de Médicas/os Populares, o curso nasce com a cara e a diversidade da população brasileira. "Viemos de vários lugares, do meio urbano, do campo, do litoral, do Agreste e do Sertão. Somos a síntese da formação do povo brasileiro", explicou.
Edição: Monyse Ravena