"Contra o Racismo, o genocídio, por projeto político para o povo preto". Este foi o tema da décima quarta Marcha da Consciência Negra, que reuniu milhares de pessoas em São Paulo nesta segunda-feira (20).
De acordo as coordenação da Marcha, cerca de 15 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar, no entanto, falou em três mil.
A advogada Tamires Gomes Sampaio, que é Conselheira para África do Instituto Lula e militante do movimento negro pela Juventude da CONEN, além de integrante do Comitê Contra o Genocídio da juventude pobre preta e periférica, fala da importância da mobilização deste 20 de novembro:
"A gente vive em um país que tem dois terços da história marcado pela escravidão. O racismo aqui é estrutural. O golpe que aconteceu no ano passado em nosso país está mostrando que veio para atacar os direitos humanos e os mais atingidos são os negros que, inclusive, sofrem esse processo de genocídio."
As atividades da Marcha começaram às 12h no vão livre do MASP e se encerraram por volta das 19h20 na escadaria do Teatro Municipal e contaram com atividades culturais, rodas de capoeira e poesia.
Lúcia Udemeuze, que é cientista social e produtora cultural, considera que o momento político atual do país tem um forte impacto sobre a população negra, por isso, "essa marcha tem um grande significado após o golpe, principalmente aqui na cidade de São Paulo". Ela ressalta a importância de se posicionar nesse contexto: "estamos aqui para pedir melhorias e dizer que não estamos fora da luta. Dizer que não queremos mais genocídio da nossa população negra e que estamos na rua mostrando a nossa cara e dizendo que sim, as nossas vidas importam".
O evento foi marcado também por pronunciamentos políticos contra medidas tomadas pelo governo de Michel Temer (PMDB), principalmente com relação à reforma trabalhista.
Luiz Gonzaga da Silva, conhecido como Gegê, que é membro do Movimento de Moradia no Centro e da Central de Movimentos Populares, comenta o que ele considera ser um “retrocesso” nos direitos e conquistas do povo negro no Brasil.
"Hoje a escravidão descaradamente está sendo jogada [de volta] às ruas. O desgoverno oportunista e ladrão do direito da classe trabalhadora está roubando, mas parece que o poder judiciário esqueceu que 'direitos são direitos', assim como 'deveres são deveres'. Por isso, nós negros e negras não podemos dar um passo atrás".
O Dia de Zumbi e da Consciência Negra atualmente é comemorado em mais de mil cidades em todo o Brasil. Apenas nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo o 20 de novembro é feriado em todos os municípios. Na data, militantes dos movimentos negros realizam atos pedindo políticas públicas para a população preta e o combate ao racismo.
Veja como foi a manifestação em São Paulo:
(*) com informações de Norma Odara
Edição: Vanessa Martina Silva