Coluna

Diálogo de consultório entre o velho Sebastião e o médico Afrogildo

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Seu Sebastião tinha mania de responder "Quem eu?" para tudo que lhe perguntavam
Seu Sebastião tinha mania de responder "Quem eu?" para tudo que lhe perguntavam - Força Aérea Espanha
Um dia ele atendeu um velho que tinha a mania de responder: “Quem, eu?”

Saindo de uma consulta médica para vir para cá, eu me lembrei de uma historinha acontecida em Minas Gerais, com um médico chamado doutor Afrogildo.
Era naqueles tempos em que o próprio médico preenchia uma ficha com informações sobre o cliente, não tinha uma secretária pra fazer isso. 
Um dia ele atendeu um velho que tinha a mania de responder a todas as perguntas que lhe faziam com a expressão “Quem, eu?”
Foi difícil não só fazer a consulta. A dificuldade começou logo no preenchimento da ficha dele, que teve o seguinte diálogo:
— Como é que o senhor se chama?
— Quem, eu? — perguntou o velho.
— Sim, o senhor — respondeu o médico.  
— Sebastião de Souza.
— Onde é que o senhor mora?
— Quem, eu?
— Sim, o senhor — disse o médico começando a perder a paciência.
— Na fazenda do Zé Madeira.
— Eu quero saber é em que município o senhor mora.
— Quem, eu?
— Puxa vida! — exclamou o médico. — Estou perguntando ao senhor, só pode ser o senhor. Não tem mais ninguém aqui. Não precisa perguntar “quem, eu?”  toda vez...
— Desculpe, é meu jeito...
— Então, em que município o senhor mora?
— Quem, eu?
— Caramba! O senhor mesmo!
— Desculpe, é meu jeito. Moro em Conceição...
— Quantos anos o senhor tem?
— Quem, eu?
Aí o médico não aguentou. Explodiu:
— Não! Eu, caramba! Eu... Eu!
E o velhinho respondeu calmamente:
— Ah... O senhor... Pelo jeito, tem uns 45 ou 46...

Edição: Camila Salmazio