Em protesto contra ações de despejos, famílias de três acampamentos na região sudeste do Pará bloquearam, no início da manhã desta terça-feira (21), a rodovia BR-155 em Marabá. Os acampamentos Dalcídio Jurandir, Hugo Chávez e Helenira Resende estão na lista das 20 áreas que são alvo de determinação judicial para reintegração de posse.
Wildianey Souza Gomes, de 24 anos, militante do MST e universitária, informa que cerca de 300 pessoas ocupam a rodovia próximo do acampamento Helenira Rezende. O bloqueio está a 52 quilômetros de distância de Marabá.
A estudante de educação do campo informa que não há previsão de desbloquear a rodovia porque ainda nesta semana, na próxima quinta-feira, haverá uma audiência na Vara Agrária de Marabá para tratar da ação de despejo das famílias. No dia, o MST vai realizar uma atividade com cerca de 600 manifestantes.
Wildianey mora na Fazenda Cedro junto com os tios. Ela comenta a situação de incertezas: “Se houver esse despejo, eu não sei como nós faríamos, porque quando a gente se mudou, nós abandonamos tudo, muita gente não tinha casa e meu tios estavam nessa condição. Eles não tinham um local fixo e aqui foi onde eles construíram suas vidas. O Incra não dá uma luz sobre para onde vai mandar essas famílias”.
Outro acampamento onde as famílias vivem o clima de incerteza e insegurança é o Hugo Chávez. Instalado na Fazenda Santa Tereza, onde moram cerca de 300 famílias, a ação de reintegração de posse está prevista para o dia 13 de dezembro.
Para fortalecer a jornada de lutas, a estudante Wildianey diz que ocorre também em outros dois municípios da região, uma ação conjunta com outros movimentos. Em Canãa dos Carajás, onde também haverá ações de despejos, militantes do MST se somaram a manifestação.
Em Parauapebas, o MST juntamente com o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), realiza manifestação contra a votação das Medidas Provisórias, MP 789, que trata sobre alterações na Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, que são os chamados "royalties da mineração" e da a MP 790, que altera o marco legal do setor e a 791 que cria a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Edição: Vanessa Martina Silva