A finalidade agora é atingir os 30 mil pontos do Aqui Tem Farmácia Popular
Há alguns meses, escrevi uma série de três colunas aqui no Brasil de Fato sobre o desmonte em curso do Programa Farmácia Popular. Não foi à toa. Tal programa foi um dos mais bem avaliados dos últimos anos, tendo sido lançado ainda em 2004, no início do Governo de Lula. De lá para cá, foram dezenas de milhões de pessoas atendidas e que puderam dar seguimento ao tratamento para doenças frequentes, como a Hipertensão Arterial e a Diabetes.
Na ocasião, aproveitei o mote do fechamento das mais de 400 unidades próprias do Programa, espalhadas por todo o Brasil, e busquei contextualizar o tamanho do golpe que sofria naquele momento a população mais pobre de nosso país. Mas eis que poucos meses depois, infelizmente tenho que retornar ao tema. Se o governo Temer já acabou com a rede própria do Farmácia Popular, a finalidade agora é atingir aos cerca de 30 mil pontos do Aqui Tem Farmácia Popular, que ocorre em parceria com estabelecimentos privados e busca garantir medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto. Muito embora, vale ressaltar, estejamos nos referindo a um leque de opções já reduzido, ao compararmos com os medicamentos que eram oferecidos na Rede Própria.
A intenção do Ministro da Saúde, o engenheiro e empresário Ricardo Barros, é reduzir custos. Na proposta, o governo quer recalcular o valor repassado à rede privada pela execução do serviço. Mas, ao que parece, esta dita redução de custos pode, na realidade, inviabilizar completamente o modelo, fazendo com que o Programa tenha o seu fim.
Nestes episódios que se preenchem e completam o quebra-cabeça do desmonte do Farmácia Popular, me chama a atenção a completa falta de sensibilidade do Ministro da Saúde e do governo Temer para com as necessidades do povo brasileiro. Algo que, pensando bem, parece mesmo muito natural vindo de alguém que afirmou que o brasileiro tem muitos direitos e que o tamanho do SUS precisa ser revisto.
Felizmente o clima de rejeição a este governo só aumenta e o ano de 2018 parece trazer consigo esperanças renovadas da reconstrução de um Brasil que tem jeito, mas que foi descarrilhado, como um grande trem desgovernado, com o golpe de estado pelo qual passamos. Que nos preparemos para um ano de muitas lutas e conquistas. Nenhum direito a menos e que busquemos um SUS cada vez maior e do tamanho do povo brasileiro.
Edição: Monyse Ravena