A Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu nesse domingo (03) que o Tribunal Supremo Eleitoral de Honduras revise as 5.200 atas eleitorais pedidas pela Aliança de Oposição contra a Ditadura, de Salvador Nasralla. O pedido veio pouco antes de a população de diversas cidades fazerem uma manifestação à tarde e um panelaço à noite contra os resultados da eleição.
“Queremos deixar claro que o processo não se esgota com o escrutínio especial. São possíveis de serem atendidas as petições que apresentou a oposição em relação às 5.200 atas que não fizeram parte das transmitidas na noite da eleição”, diz a nota da organização. A Aliança de Oposição acusa o TSE e o presidente Juan Orlando Hernández, conhecido como JOH, de fraudarem o resultado do pleito.
O TSE hondurenho está fazendo uma “contagem especial” de 1.024 atas que teriam apresentado inconsistências. Essa reapuração, no entanto, é feita sem observadores nem da Aliança, nem do Partido Nacional, de JOH.
A contagem especial, no entanto, não significa que a apuração no país chegou a 100% - segundo o TSE, ainda faltam cerca de 300 atas a serem contadas pela primeira vez. Até as 8h30 de Brasília (4h40 em Tegucigalpa), com 99,24% apurados, Hernández tem 42,98% dos votos, contra 41,39% de Nasralla.
Protestos
Milhares de pessoas foram às ruas na tarde do domingo em diversas cidades do país em apoio a Nasralla e contra a fraude eleitoral que acusam estar em processo no país.
Os protestos ocorreram de forma pacífica, e foram realizados em meio ao estado de sítio decretado pelo governo no final da noite de sexta (01). Além de suspender garantias institucionais sob o pretexto de "frear" as manifestações contrárias aos resultados das eleições, foi promulgado um toque de recolher noturno.
Isso não impediu, no entanto, que, na noite do domingo, fossem registrados panelaços em Tegucigalpa e San Pedro Sula, as duas maiores cidades do país, também contra os resultados eleitorais.
Golpe de 2009
O ex-presidente Manuel Zelaya, então membro do Partido Liberal de Honduras, foi vítima de um golpe cívico-militar em 2009, penúltimo ano de seu mandato, sob a alegação de que estaria manobrando reformas na constituição. Os EUA, Brasil, membros da União Europeia e outros países condenaram o golpe, pedindo a restituição da legalidade no país.
Zelaya pretendia realizar uma consulta popular para saber se haveria a necessidade de uma reforma constitucional. O golpe gerou uma grave quebra de ordem, provocando um colapso econômico no país.
Em junho de 2012, sua esposa, Xiomara Castro, se candidatou à presidência pelo Libre, com o apoio de Zelaya. No entanto, o racha entre o seu partido e o também opositor Partido Anticorrupção (PAC), não conseguiu ameaçar a hegemonia do Partido Nacional, que venceu as eleições de 2013, elegendo Juan Orlando Hernández.
Zelaya formou então, em 2017, uma coalização entre os dois partidos de oposição, apoiando Nasralla, em uma tentativa de ameaçar a reeleição de Juan Orlando, que só pôde concorrer ao pleito do último domingo graças a uma polêmica emenda constitucional que dribla a proibição de um segundo mandato no país.
Edição: Opera Mundi