Comunicação

Secretaria da Igualdade Racial vai pedir reunião com presidente da EBC

A Seppir é vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
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Uma comissão de trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e integrantes do movimento negro foi recebida na última terça-feira (28), em Brasília (DF), pelo secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial  (Seppir), Juvenal Araújo. A Seppir é vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos, comandado por Luislinda Valois. No encontro, eles reforçaram a denúncia de prática de racismo por parte do diretor-presidente da empresa, Laerte Rímoli. 

Na semana passada, exatamente no Dia da Consciência Negra, Rímoli publicou, em sua conta particular no Facebook, uma postagem de teor racista envolvendo a atriz Thaís Araújo. Dias antes, o jornalista já havia publicado outros dois memes de conteúdo semelhante. As imagens compartilhadas ironizavam declarações da atriz, que numa palestra em São Paulo, há alguns meses, afirmou que “a cor de seu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros”, numa clara referência a situações de preconceito cotidianas vividas pela população negra no país. 

Após a repercussão negativa do caso, Laerte chegou a publicar um pedido público de desculpas à atriz, mas classificou sua atitude apenas como um "post inadequado". "É condenável uma pessoa que ocupa o cargo que ele ocupa, se permitir ‘brincar’ com uma questão que é tão grave, que é o racismo. Esse tipo de atitude, de tratar isso como piada, e de reverter uma situação de que os negros são vítimas, para colocá-los como culpados desses atos racistas, é comum", ressaltou Guilherme Dias, membro da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), ligada ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, em entrevista ao Brasil de Fato. 

"Nós destacamos ao secretário que o comportamento racista e machista do atual diretor-presidente da EBC, infelizmente, não é uma surpresa. Temos recebido outras denúncias de funcionárias da empresa que, por medo de retaliação, não chegaram a formalizar denúncias", apontou Jacira Silva, integrante do Movimento Negro Unificado do Distrito Federal (MNU-DF), que participou da reunião. Além do MNU-DF, participaram da reunião na Seppir representantes da Cojira, da Frente de Mulheres Negras, do Coletivo de Mulheres de Axé do DF e Entorno, além do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). 

Após ouvir os relatos, Juvenal Araújo condenou a prática de racismo e se comprometeu a pedir uma audiência com Laerte Rímoli, para que ele esclareça as postagens feitas nas redes sociais. O presidente da EBC também enfrenta investigação da Comissão de Ética da Presidência da República, aberta nesta segunda-feira (28), para saber se as postagens configuram desrespeito a código de decoro do servidor público federal. Ele pode receber desde uma advertência por escrito até uma recomendação de demissão do cargo. Laerte Rímoli ainda deverá ser acionado no Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR), que se reúne em janeiro, além de representações no Ministério Público Federal (MPF), já anunciadas por entidades da sociedade civil, como o FNDC. 

Além da reunião com Rímoli, o secretário nacional de Promoção de Políticas de Igualdade Racial se comprometeu a acompanhar o processo na Comissão de Ética da Presidência da República e apoiar as atividades do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da EBC. Juvenal Araújo disse ainda que pretende intensificar, no âmbito da Seppir, o debate sobre financiamento da mídia negra, especialmente no que diz respeito a adoção de critérios etnicos-raciais na distribuição da verba publicitária operada pela Secretaria de Comunucação da Presidência da República. 

Ato

Entidades do movimento negro avaliam a organização de um ato massivo contra o racismo na sede do Ministério dos Direitos Humanos e no Palácio do Planalto. Eles pedem a demissão de Laerte Rímoli do comando da EBC.

Edição: Simone Freire