O Comitê de Mulheres da Frente Brasil Popular, realizou um ato político-cultural, neste sábado (02), na feira de rua do bairro de Peixinhos, em Olinda (PE). O evento contou com uma apresentação teatral e entrega de panfletos informativos sobre as consequências da Reforma na vida das trabalhadoras.
Atualmente as pessoas podem se aposentar por tempo de contribuição, com qualquer idade. Caso a Reforma da Previdência do governo não eleito de Michel Temer (PMDB) seja aprovada no Congresso Nacional, cria-se uma idade mínima para a aposentadoria por tempo de contribuição: as mulheres somente aos 53 anos e o homens aos 55. E pior, a cada dois anos aumenta um ano, ou seja, em 2020 já será 54 anos para as mulheres e 56 para os homens.
Os retrocessos não param por aí. Hoje, existem casos especiais de aposentadoria, por tipo de ocupação, considerando também diferenças entre homens e mulheres. Ou seja, trabalhadoras rurais se aposentam apenas por idade, aos 55 anos. Já os trabalhadores rurais, aos 60.
Com a Reforma essa realidade muda: acaba com o reconhecimento das diferenças nas condições de vida e trabalho das trabalhadoras rurais, pois as mulheres só vão conseguir se aposentar ao 57 anos, se tiverem contribuído por no mínimo 15 anos para o INSS.
Para a moradora e integrante do Grupo de Saúde Condor de Cabo Gato, Donana Cavalcanti, “estamos na luta desde que o Brasil sofreu um golpe do presidente ilegítimo, Michel Temer. Temos que ocupar as ruas. E esse ato representa muito para o bairro, porque aqui é um caldeirão de entidades que se organizam e buscam uma sociedade justa e fraterna. Nada mais justo ser aqui na feira. Lugar que fomos acolhidos pelos taxistas, por pessoas que estão passando. É um ato que demonstra a força que o povo tem”.
Sobre a Reforma da Previdência, a assistente social que mora em Peixinhos há mais de 50 anos ressalta “somos um grupo de mulheres que é contra a retirada dos nossos direitos. Nós estamos nas ruas denunciando que não vamos aceitar”, conta Donana.
Além das atividades, a ação homenageou o músico Marcos Axé, ativista e morador do bairro, que faleceu, aos 38 anos, decorrente de uma parada cardíaca. Quem falou com muita emoção sobre o percussionista foi Dona Zuleide de Paula, que foi educadora social do artista que tocava na banda do cantor Otto há mais de 20 anos. Ele foi menino participante do Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças, criado para debater e denunciar as frequentes mortes de crianças e adolescentes do bairro, além de trabalhar atividades culturais com as crianças que moravam nas ruas. “Marcos foi um dos meninos que nós conseguimos mudar os rumos da vida. Hoje, nesse ato, estou vestida com a camisa com a foto dele para homenageá-lo com muito orgulho. Foi no Comunidade que ele foi apresentado a música. Se ele estivesse vivo com certeza estaria aqui denunciando esse golpe em nossos direitos”, conta Zuleide.
Edição: Monyse Ravenna