Militantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) estão fazendo uma campanha para arrecadar fundos para a construção de casas ecológicas destinadas a moradores da favela Sol Nascente, a maior de Brasília e segunda maior do país.
Eles se juntaram a ativistas que trabalham com permacultura, uma ciência voltada para o desenvolvimento de comunidades sustentáveis, e estão unindo forças para a construção de 109 casas. Eduardo Borges, da direção nacional do MTST, comemora a iniciativa e destaca que o golpe de 2016 piorou a situação das políticas públicas de moradia, exigindo novas articulações por parte dos movimentos.
"Com o esgotamento do 'Minha Casa, Minha Vida' e essa rotatividade de ministros no Ministério das Cidades, o povo vai ter que buscar uma alternativa", defende.
O servidor público Rodrigo Costa, um dos voluntários da permacultura, explica que uma das características da técnica é a capacidade que ela tem de empoderar as pessoas. Isso porque os futuros moradores não só vão ganhar uma casa como vão aprender como funciona o processo de construção dos imóveis.
"A ideia é que a comunidade consiga gerar renda através da geração de emprego pelo conhecimento que vai ser transmitido na construção das casas junto com eles. A gente não vai fazer e eles vão ficar esperando. Não estamos fazendo pra eles. Estamos fazendo com eles", afirma.
Com isso, os moradores tendem a ficar menos dependentes de iniciativas estatais que nunca se concretizam ou que demoram para virar realidade. A dona de casa Auzerita Pereira de Siqueira está há mais de três décadas na fila de moradores do Distrito Federal que esperam ser contemplados com um imóvel em programas habitacionais.
Militante do MTST, ela será a primeira do projeto a ganhar a casa ecológica e conta que aguarda a concretização do sonho da casa própria com o peito cheio de gratidão e esperança:
"Eu tenho que dizer [a eles] 'muito obrigada', que Deus abençoe, que dê em dobro pra essas pessoas e que ainda existem pessoas boas no mundo. Tem gente que fala que só tem gente ruim no mundo, mas não. Existem muitas pessoas boas no mundo. Eu estou acreditando — e vou continuar acreditando — que eles vão me ajudar mesmo, que não vão me deixar na mão", afirma.
Os moradores precisam de R$ 25 mil para construir a primeira casa e um centro de convivência que irá ajudar a comunidade a dar seguimento ao projeto para a construção dos próximos 108 imóveis.
Eles precisam arrecadar o dinheiro até o próximo dia 15, véspera do dia em que vão iniciar um mutirão para construir a primeira casa. O projeto aceita doações em qualquer valor e as contribuições podem ser feitas aqui.
Confira a história da dona Alzerita:
Edição: Vanessa Martina Silva