No palco, Caetano Veloso, Criolo, Maria Gadú e Pericles cantaram juntos para cerca de 30 mil pessoas, em celebração aos 20 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), neste domingo (10), no Largo da Batata, em São Paulo (SP).
"Hoje é um dia muito especial, é o Dia Internacional dos Direitos Humanos e é também o dia de 20 anos do MTST. São 20 anos de muita luta, 20 anos de conquistas e 20 anos enfrentando preconceitos. Como pode, num país em que há mais de seis milhões de pessoas sem casa e sete milhões de imóveis vazios, e aqueles que ocupam serem chamados de criminosos?", questionou Guilherme Boulos, coordenador nacional do movimento.
De acordo com o MTST, militantes de 14 estados participaram da celebração. "É uma festa que registra 20 anos de luta em um ano muito difícil para o Brasil e para os movimentos sociais, um ano de muita resistência", avaliou Natália Zermeta, também da coordenação do movimento.
O MTST nasceu em 1997 para promover a luta por moradia digna no meio urbano e tem atuado, principalmente, nas periferias paulistanas.
Mais de 12 mil famílias como a da militante Andreia Bilac, de 44 anos, estão há quase quatro meses acampadas em um terreno, na região do ABC paulista, na ocupação que se tornou símbolo recente da luta do movimento. Bilac destaca que a resistência dos barracos de lona, do enfrentamento à Justiça e, muitas vezes, da Polícia, revelam a essência do MTST.
"O nosso foco principal é lutar pelo direito de ter nossa moradia, eu, por exemplo, pago aluguel. Então, eu acho muito importante o MTST lutar, e é por isso que estamos juntos", diz.
"Fazer um ato cultural, cantar para os movimentos que lutam pelo direito à moradia é tipicamente um ato pacífico. Portanto, aquela proibição do show de Caetano Veloso constitui um contrassenso. Que hoje ele tenha se disposto a cantar aqui com toda a espontaneidade e solidariedade, é uma ação muito bonita", declarou o vereador Eduardo Suplicy (PT), em referência a decisão da 2º Vara da Fazenda Pública de São Bernardo do Campo, que proibiu o artista de se apresentar na ocupação Povo Sem Medo, em outubro.
Pessoas que não são ligadas ao movimento também aproveitaram o show. A atriz Tamires Rosa, de 26 anos, conta que passou a ter maior admiração por Caetano Veloso após o posicionamento dele em favor do movimento. "Eu deixo de admirar alguns artistas porque deixaram de vestir a camisa. Ele (Caetano) já fez muita coisa boa, poderia estar simplesmente na dele, mas continua atento", afirma. O ato-show, que teve início às 14h, terminou por volta das 20h30.
Edição: Simone Freire