Futuro

Venezuela realiza eleições municipais nesse domingo (10)

Saiba quem é a candidata que está se destacando na disputa da mais importante da prefeitura do país

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
- Eneas De Troya

Depois de meses de enfrentamento político, os venezuelanos estão tendo a oportunidade de decidir nas urnas quais os partidos e setores políticos vão governar as 335 prefeituras do país. A eleição municipal que é realizada neste domingo (10) é a terceira do ano, depois da Assembleia Nacional Constituinte, em julho, e as regionais para governador, em outubro. 

Entre as prefeituras mais disputados estão algumas localizadas na Grande Caracas, como o município Libertador, que abarca todo o centro da capital venezuelana, onde estão os principais órgãos do Estado, inclusive o palácio presidencial de Miraflores.

Nesse município quem lidera as pesquisas de opinião pública é uma jovem mulher, dirigente do movimento cívico-militar Frente Francisco Miranda. Érika Faria, de 45 anos, foi eleita deputada constituinte esse ano e nos últimos meses desempenhava o cargo de chefe de despacho da Presidência da República. Uma pesquisa eleitoral feita pela empresa Un Exit Poll, aponta 52% da intenções de votos favorece à candidata do partido socialista PSUV. Já a candidata opositora Maribel Castillo, do partido opositor Avançada Progressista, aparece com 38%, e Eduardo Samán, do Partido Comunista da Venezuela (PCV), tem 7, 5% das intenções de votos.

“Érika Faria representa a mulher lutadora, é um exemplo de feminismo. Esteve com o ex-presidente Hugo Chávez desde o início. É como se fosse uma filha de Chávez”, diz assistente social Maria Briceño, uma das 50 mil pessoas que assistia ao ato de encerramento de campanha no centro de Caracas na tarde de quinta-feira (7).

Segundo o integrante da direção nacional da Frente Francisco Miranda, Samuel Velazco, as mulheres venezuelanas aumentaram sua participação na política nos últimos anos e que Érika Faria representa esse setor que vem ganhando espaço nas bases da organizações. “75% das representantes de organizações sociais do país são mulheres. Além disso, 43% do total de candidaturas é composto por mulheres. O que mostra a força delas nessas eleições”, destacou Samuel Velazco.

Os partidos opositores optaram por lançar também uma mulher, a deputada da Assembleia Nacional, Maribel Castillo. Embora os principais partidos políticos da oposição, como Ação Democrática, Primeiro Justiça e Vontade Popular, tenham anunciado que não participariam das eleições municipais, muitos de seus militante e até dirigentes são candidatos através de partidos menores. Esse é o caso dos candidato do município de Chacao, Gustavo Duque, e de Baruta, Darwin González. Os dois são quadros históricos do Primeiro Justiça, um dos mais radicais partidos opositores.

Um total de 16 partidos participam da eleições municipais, entre eles quarto grandes organizações opositoras ao governo Maduro, entre elas estão Avançada Progressista, Copei, Un Nuevo Tiempo e Podemos.

Cada eleição uma batalha

Quem caminha pelo centro de Caracas, setor de maioria chavista, sente a diferença entre os municípios mais abastados onde a maioria é opositora ao governo de Nicolás Maduro. De um lado a agitação política, uma multidão na rua e todo fervor de uma campanha chavistas. No outro extremo da cidade, calmaria, uns poucos cartazes nas ruas e cabos eleitorais, que parecem sair de agência de modelo, distribuem santinhos nos sinais de trânsito e nos estabelecimentos comerciais. Duas maneiras de fazer política que definem a  conjuntura política e a divisão de classes do país.

“Para nós, chavistas, uma eleição é como uma batalha, porque aqui a gente tem que lutar por tudo, inclusive contra poderes estrangeiros”, explica Samuel Velazco enquanto caminha para a praça Diego Ibarra para escutar a Erika Faria pela última vez antes da eleição.

Para os observadores internacionais, que chegaram à Venezuela essa semana para acompanhar mais um processo eleitoral, importante é garantir um sistema transparente, onde cada um desses setores terão oportunidade manifestar sua vontade através das urnas.

“O importante é que a Venezuela tem um sistema eleitoral que é absolutamente seguro. Hoje isso é um consenso entre as pessoas, estudiosos, que estão aqui”, afirmou o observador brasileiro, o jornalista Paulo Moreira Leite, do site Brasil 247. Ele também falou de suas impressões sobre a realidade venezuelana. “Minha primeira impressão ao chegar na Venezuela foi que, mesmo enfrentando uma guerra econômica e uma sabotagem, o povo está dando um exemplo de resistência. A gente vê pessoas com dificuldades, mas tem uma política as favorece”, disse o jornalista brasileiro.

50 observadores de 19 países vão acompanhar as eleições venezuelanas no próximo domingo. Para a estadunidense Herlinda Hernández, esses estrangeiros que verão de perto como funciona cada etapa do voto, auditoria e apuração têm como obrigação de dizer ao mundo a verdade. “Não vamos ser apenas observadores, mas também temos que ser multiplicadores da verdade sobre a Venezuela”. Segundo ela, o sistema venezuelano “é mais avançado e democrático” que aquele aplicado no seu país.

Edição: Simone Freire