São Paulo

SP | Sem entidades, gestão Alckmin e Doria discutem segurança alimentar e nutricional

Após "ração humana", representantes da prefeitura se reúnem com governo estadual, deixando de fora o Conselho Municipal

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São Paulo tem apenas um banco de alimentos, localizado na Vila Maria. Falta articulação para melhoria da segurança alimentar
São Paulo tem apenas um banco de alimentos, localizado na Vila Maria. Falta articulação para melhoria da segurança alimentar - César Ogata/PMSP

Para dar um verniz democrático e legitimar suas políticas, o governo de Geraldo Alckmin e a gestão João Doria, ambos do PSDB, juntaram representantes da agricultura e abastecimento e trabalho e empreendedorismo neste 1º Fórum Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional e Entidades, na manhã deste sábado (9), na Câmara Municipal de São Paulo.

Na mesa de debates, representantes do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea-SP), da Câmara Intersecretarial de Segurança Alimentar e Nutricional, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e da ONG Banco de Alimentos, que tem entre os colabores a Syngenta, gigante dos agrotóxicos e transgênicos. Ficaram de fora o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comusan) e entidades representativas da agricultura familiar.

O fórum ocorre dois meses após o anúncio da proposta de combate à fome da gestão Doria por meio da distribuição da "ração humana". A reação da sociedade à farinata, que ainda deve causar indigestão ao prefeito Doria, que tem sua popularidade em queda livre, desestimulou também a deputada estadual Célia Leão (PSDB). A tucana disse ter retirado seu projeto que institui diretrizes para a Política Estadual de Erradicação da Fome, que chegou a ser considerado uma extensão do programa adotado Doria (PSDB).

Para o conselheiro da ONG Ação da Cidadania contra a Fome, André Luzzi, encontros como esse têm sido cada vez mais comuns. "Fazem atividades curtas, sem chance de participação das entidades e para um debate mais amplo e aprofundado. Servem apenas para constar, para dar um verniz de democracia, para o qual são chamadas apenas as entidades que têm parcerias com eles, como padarias que participam de programas assistenciais da primeira-dama, para depois legitimar suas decisões", afirma.

Ele afirma que estão sendo realizados ainda eventos por videoconferência, esvaziados, com a participação de pouquíssimas pessoas, para debater temas de grande importância e avaliar programas estratégicos.

"Eles não compreendem o conceito da segurança alimentar, que é resultado da interação de todos os segmentos. E para neutralizar as críticas e valorizar as falas dos integrantes do governo, organizam esse tipo de encontro", afirma Luzzi.

Ele estranha a ausência do Comusan na realização do fórum intersetorial, que trata de uma política específica da cidade, o banco de alimentos.  "O Comusan inclusive já fez uma oficina sobre abastecimento, abordando isso. Fizemos recomendações ao Executivo municipal e à Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Em maio, realizamos um 'comidaço' lá no Banco, e até deliberamos pela criação de um comitê gestor deste equipamento", diz o conselheiro, que teme uma política de segurança alimentar ainda mais conservadora justamente pela exclusão da participação social.

Edição: Rede Brasil Atual