O anúncio feito pelo governo golpista de Michel Temer de que a votação da reforma da Previdência deverá ficar para fevereiro de 2018 dividiu parlamentares da oposição no Congresso Nacional. Parte dos deputados acredita que a base aliada ainda poderia arquitetar manobras para tentar colocar o texto em votação na próxima semana, a última antes do recesso de final de ano.
"É só uma batalha que nós vencemos", disse ao Brasil de Fato o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG), acrescentando que a notícia exige cautela e vigilância.
Caso o Congresso consiga votar o Orçamento da União para o ano que vem ainda nesta quarta (13), a expectativa é de que não haja quórum para novas sessões no plenário da Câmara até o final do ano. Isso porque os parlamentares costumam finalizar os trabalhos do ano legislativo logo após a votação do Orçamento, desacelerando a agenda e diminuindo as chances de qualquer outra votação.
No entanto, o adiamento anunciado nesta quarta não é unanimidade entre os líderes da tropa de choque do governo. Parte da base defende a política do "tudo ou nada", ou seja, que a matéria seja colocada em votação mesmo sem uma segurança sobre o numero de deputados favoráveis à proposta. Esses parlamentares ainda estariam contabilizando votos nos bastidores, na esperança de tentar votar a reforma na próxima semana.
"Essa diferença de ênfase entre eles é a demonstração, de fato, de que a reforma da Previdência morreu, está sepultada. Eles não têm número para votar", acredita a líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA).
Na mesma sintonia, o deputado Bohn Gass (PT-RS) acredita que o anúncio dos governistas pode sinalizar o início de um ciclo ainda mais espinhoso para o Planalto.
"Toda a chantagem que o governo fez, inclusive colocando empresários na parada, não conseguiu virar votos de parlamentares. Essa derrota pode significar o início de outras derrotas", projeta.
A reforma da Previdência tramita na Câmara desde o ano passado sob o nome de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. O texto foi aprovado numa comissão especial, mas não foi levado a plenário por falta de acordo entre os diferentes partidos.
Edição: Vanessa Martina Silva