Famílias do acampamento Hugo Chávez, localizado na zona rural de Marabá, no Pará, estão recebendo a solidariedade de diversos setores da sociedade contra a ação de despejo, que está marcado para esta quarta-feira (13).
A medida judicial, emitida pela Vara Agrária de Marabá, foi comunicada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). As famílias concordaram em sair do local de forma amigável. No entanto, dos dias antes da ação de despejo, os moradores denunciaram ação violenta na região, na qual homens armados em caminhonetes atiraram contra os camponeses.
Rede
Com o objetivo de mobilizar a sociedade civil brasileira e a comunidade internacional a sensibilizar e pressionar as autoridades públicas do estado do Pará a suspender o despejo das cerca de 300 famílias, foi criada a campanha "Despejos De Natal". A iniciativa é apoiada, por exemplo, pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), criada por Igrejas Cristãs como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, a Presbiteriana Independente, a Episcopal Anglicana, a Igreja Católica e a Aliança de Batistas.
Além da campanha, as família têm recebido apoio de outros setores da sociedade. Ao saber do ataque, a deputada estadual Manuela d'Ávila (PCdoB-RS), que havia visitado o local no final de semana, publicou um vídeo prestando sua solidariedade ao MST e ao acampamento Hugo Chávez. “É hora de criarmos uma verdadeira corrente de denúncias e de reação solidária ao que acontece no estado do Pará”, afirmou.
O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) também prestou sua solidariedade. Em vídeo publicado em suas redes sociais na internet, ele alertou o governador do Estado do Pará que o país está acompanhando os conflitos de violência no campo.
“Eu quero apelar aqui ao governador Simão Jatene, que tenha responsabilidade. A gente sabe do histórico do Pará, de conflitos agrários, da quantidade de assassinatos de trabalhadores rurais. É importante, governador, que você saiba que o Brasil inteiro está olhando o Pará nesse momento”, disse.
Já os professores e alunos da Faculdade de Educação do Campo da Universidade do Sul e Sudeste do Pará (UnifessPa) divulgaram uma carta pública de apoio ao acampamento. “Somos testemunhas de que as famílias estão ocupando a área há, pelo menos, três anos, onde cultivam a terra, criam pequenos animais, possuem uma escola minimamente estruturada para a garantia do direito a educação de seus filhos e atualmente são vítimas potenciais de vários tipos de violências desde a negação de direitos à saúde, educação e mesmo o direito a fonte de vida que é a terra para trabalhar, de onde retiram o alimento para sustento de suas famílias”, pontuaram, em nota.
Em nota, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também prestou solidariedade às famílias e publicou que “os movimentos sociais do campo e da cidade exigem providências do Estado e manifestam total apoio às famílias e ao MST que mais uma vez vem sendo criminalizado na tentativa de garantir o acesso à terra e à reforma agrária. Não permitiremos mais um Eldorado dos Carajás. Não nos silenciaremos!”.
Edição: Brasil de Fato