O prefeito regional de Ermelino Matarazzo, Arthur Xavier, determinou, no último dia 8, a desocupação do prédio onde fica a Casa de Cultura de Ermelino Matarazzo ou Ocupação Mateus Santos, como também é conhecida.
O espaço em São Paulo é gerido pelo Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, do qual o ativista Gustavo Soares, de 24 anos, faz parte. Durante uma reunião em maio deste ano, o secretário da Cultura, André Sturm, ameaçou "quebrar a cara" do ativista. Soares acredita que a interdição tem motivações políticas.
"Não é possível que vai se interditar o único espaço cultural do bairro e não vão oferecer nenhuma solução", lamenta Soares.
A ocupação surgiu no ano passado, fruto da luta dos coletivos culturais do bairro. Em toda a região de Ermelino Matarazzo e Ponte Rasa, bairros que somam 200 mil habitantes, há apenas a biblioteca Rubens Borba Alves de Moraes como espaço cultural.
O local onde funciona a ocupação é da Prefeitura e, segundo Soares, estava abandonado há mais de dez anos, quando seu coletivo começou a promover atividades culturais no espaço. No final do ano passado, ainda na gestão de Fernando Haddad (PT), a ocupação virou Casa de Cultura e passou a receber verba da Prefeitura.
Mesmo antes de maio, época da discussão entre o secretário Sturm e o integrante do movimento cultural, a ocupação parou de receber os recursos e passou a desenvolver as atividades de forma autônoma.
Samara Belchior da Silva, professora e moradora de Ermelino Matarazzo, começou a frequentar a Casa de Cultura neste ano. Ela já participou de diversas oficinas, como serigrafia e fotografia. A ocupação oferece ainda rodas de conversa, aulas de samba rock, entre outras atividades gratuitas.
A professora afirma que a população comparece massivamente aos eventos do espaço que teria virado referência para os moradores.
"Tem pessoas que eu acredito que estão tendo suas vidas salvas neste espaço. E sem ele no bairro, eu acredito que a população ficaria sem referência", diz.
Em nota, a Prefeitura Regional de Ermelino Matarazzo justificou a interdição com base numa vistoria da Defesa Civil que teria constatado condições precárias de segurança, como rachaduras, infiltrações e instalações elétricas e hidráulicas em má conservação.
Soares classifica a decisão tomada como "unilateral" e sem diálogo. O ativista teme que o equipamento seja fechado e nunca mais aberto:
"A nossa postura é de que interditar esse equipamento não é uma solução. Temos histórico no nosso bairro de equipamentos que foram fechados para supostas reformas e demoraram nove anos para reabrir."
A Prefeitura sugeriu que as atividades da Ocupação Mateus Santos fossem transferidas para a biblioteca Rubens Borba Alves de Moraes. Mas os frequentadores consideram o lugar pequeno para as atividades realizadas.
Edição: Camila Salmazio