CLASSE TRABALHADORA

ARTIGO | Lute como um brasileiro

Toda solidariedade à classe trabalhadora argentina, mas no Brasil não é diferente: também há muita luta e resistência

São Paulo |
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Foi fantástica a reação argentina na luta contra a Reforma da Previdência do governo Macri. Infelizmente, a truculência do Estado, somado ao jogo de interesses no parlamento e à indiferença às manifestações populares fizeram com que a Reforma fosse aprovada. Toda solidariedade à classe trabalhadora argentina. Força na luta! Lutem como vocês sabem lutar.

Mas eu diria a meus conterrâneos que estão na onda do “lute como um argentino” que nós aqui também sabemos e fazemos muita luta. Não se lembram de todas as lutas que fizemos ao longo dos últimos anos? Não houve trégua para a classe trabalhadora.

O segundo turno das eleições de 2014 não terminaram até hoje. Com o grito “não vai ter golpe”, ocupamos as ruas e as redes do Brasil inúmeras vezes.

A CUT foi protagonista de dezenas de atos que tiveram adesão maciça de trabalhadores dos setores público e privado, do campo e da cidade. Foram marchas, atos, paralisações, greves, ocupações, diálogos com a sociedade, atividades culturais, panfletagem e uma série de outras ações que vêm resultando no fortalecimento de luta sindical contra a exploração do capital.

Na tentativa de dobrar a resistência dos trabalhadores, houve proibições de entrada da CUT e seus militantes no Congresso, ações de criminalização e judicialização dos movimentos sindical e popular, uso de violência policial com bombas, prisões e agressões aos trabalhadores em várias manifestações, e a elaboração e aprovação de legislação cada vez mais cerceadora dos direitos de organização e manifestação da classe trabalhadora.

Em defesa da democracia, duas grandes mobilizações aconteceram em Curitiba e em quase todos os estados do Brasil dizendo que “eleição sem Lula é fraude!”

Contra as reformas, da Previdência e Trabalhista, nacional e regional, milhares de pessoas ocuparam as assembleias legislativas, as câmaras de vereadores; fizeram paralisações nas empresas, ocupações em imóveis públicos; fizeram greve de fome e escracho com os deputados e deputadas nos aeroportos de todas as regiões do país.

Em 2017, as companheiras fizeram uma linda e grande marcha no 8 de março, contra as reformas do golpista Temer e por suas pautas específicas. Em 15 de março, a Educação deu início a uma greve nacional que tinha como pauta principal a luta contra a Reforma da Previdência. No dia 28 de abril, fizemos a maior greve geral da história do Brasil, desde a centenária greve de 1917. As ruas ficaram vazias e ninguém saiu de casa. Um mês depois, no dia 24 de maio, 200 mil pessoas gritavam “Fora Temer” na Esplanada, e foram recebidas pelo fascismo da Polícia Militar que atirava bombas até de helicópteros. E no fim, o golpista mor convocou o Exército para conter a manifestação. No dia 10 de novembro, um dia antes da Reforma trabalhista entrar em vigor, a classe trabalhadora brasileira não se rendeu e fez o “Dia Nacional de Mobilização Nacional”, denunciando a retirada de direitos.

Nossa luta está fazendo história e vencendo algumas batalhas. Afinal, vocês não se lembram que o discurso do governo golpista de que a Reforma da Previdência brasileira seria aprovada até junho?

Junho passou, a reforma não.

Os golpistas recuaram, mudaram a proposta e o prazo limite. Era novembro, depois dezembro, agora é fevereiro. E uma nova proposta será construída para tentarem aprovar a reforma, que é uma dívida do golpista com os bancos e empresários, financiadores do golpe e da permanência do ilegítimo no poder.

Devemos reconhecer nossas vitórias e nos fortalecer para as disputas que virão.

Então eu digo para cada brasileiro e cada brasileira: lutem!

#JuntosSomosFortes

*Rodrigo Rodrigues é professor da rede pública de ensino do DF e secretário geral da CUT Brasília.

Edição: Simone Freire