Movimentos populares, indígenas e camponeses da Bolívia participaram, na cidade de Cochabamba, do lançamento da candidatura do presidente Evo Morales à eleição de 2019. O comício reuniu um milhão de pessoas na avenida Blanco Galindo, a maior da cidade, que conecta o município à rodovia para La Paz, capital do país.
Cochabamba é, tradicionalmente, o local que recebe grandes atos políticos dos apoiadores de Morales. Além de ser a terceira cidade mais populosa do país, ela é próxima à região cocalera do Chapare, onde o atual presidente iniciou sua atuação como sindicalista.
A "onda azul" [marea azul, em espanhol], como foi chamado o comício, devido à quantidade de pessoas presentes e em referência à cor do símbolo do partido de Evo, o Movimento ao Socialismo (MAS), demonstrou a força política do atual presidente rumo à sua quarta candidatura presidencial. No comício, estiveram presentes também representantes de organizações sociais e políticas de outros países da região.
O comício, ocorrido no último sábado (16), foi realizado um dia após as manifestações contra a candidatura antecipada de Evo Morales. Organizadas pela oposição ao governo em Cochabamba e nas cidades Santa Cruz e La Paz.
Na ocasião, Evo Morales comentou sobre as marchas que aconteceram no dia anterior e recomendou à direita boliviana que se prepare para enfrentá-lo nos comícios de 2019, ao invés de perder tempo publicando mentiras nas redes sociais contra o seu governo.
"Os vira-latas direitistas que querem vender nossos recursos ao imperialismo e ao capitalismo perdem seu tempo, então, bem, minha recomendação é que se unam de uma vez, que se preparem e que não fiquem somente perdendo tempo, porque o plano é só mentir e mentir", criticou Evo.
No final de novembro, logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se pronunciar contra a candidatura de Evo Morales, o Tribunal Constitucional da Bolívia aprovou a candidatura do atual presidente e de outros 3.600 candidatos a cargos públicos em 2019.
Segundo o presidente boliviano, os Estados Unidos e a oligarquia de outros países da região se aliaram com a direita do país para tentar tirá-lo da disputa eleitoral que acontecerá no final de 2019.
Durante o seu discurso, Evo repassou os pontos principais do seu governo, entre eles, o projeto de construção de uma ferrovia transoceânica, com investimentos da Alemanha e da Suíça, para conectar os principais portos do continente, do Peru ao Brasil; além do crescimento econômico do país, o maior da América do Sul no último período. Evo também assegurou que, caso seja reeleito, o Produto Interno Bruto do país, que entre 2006-2017 cresceu 4,2 % mais do que no período anterior, irá aumentar ainda mais:
"Saibam irmãos e irmãos, rumo ao bicentenário (da independência da Bolívia), eu tenho uma proposta, com toda a certeza, para 2025. Bolívia chegará a 50 bilhões de dólares de Produto Interno Bruto, no mínimo. Se em 10 anos, passamos de 9 bilhões para 36 bilhões de dólares, em sete anos, redobrando o investimento, chegaremos aos 50 bilhões", afirmou.
Primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales também declarou que, em um período curto de tempo, seu governo demonstrou que é possível oferecer estabilidade econômica, social e política aos bolivianos, graças à unidade do povo, que permitiu que a Bolívia seja o país que mais cresceu no continente.
Edição: Vivian Neves Fernandes | Tradução: Luiza Mançano