O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) divulgou no final de 2017 nota por meio da qual defende a presença da organização nas articulações sociais e populares em defesa da democracia e do direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar a eleição presidencial deste ano.
A defesa do ex-presidente tem reafirmado reiteradamente que o julgamento-relâmpago em segunda instância, marcado para 24 de janeiro, é parte do processo de perseguição judicial com objetivos políticos – definido como lawfare no vocabulário jurídico internacional.
O texto do MTST vai ao encontro do vêm afirmando as principais organizações do país – como CUT, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), Frente Brasil Popular, Levante Popular da Juventude, entre outras – de que a operação é uma “clara tentativa” de retirar Lula da disputa.
“O MTST se coloca na luta em defesa do direito de Lula ser candidato. Trata-se de defender a democracia contra mais um passo do golpe, até porque esse julgamento tem se demonstrado profundamente antidemocrático, baseado mais em certas convicções do que em provas concretas. Por isso estaremos em Porto Alegre no dia 24 de janeiro construindo as manifestações”, afirma o movimento liderado pelo também presidenciável Guilherme Boulos.
“A antecipação do debate eleitoral de 2018 tem sido tema de inúmeras discussões no campo da esquerda. A coordenação do MTST tem debatido o convite feito pelo Psol a Guilherme Boulos, para a disputa presidencial, com serenidade e respeitando os tempos da construção coletiva”, assinala a nota. “Colocaremos nossa posição tão logo essa discussão se conclua internamente e junto com companheiros do Psol. Neste momento, porém, acreditamos que toda a esquerda deve se unir mais uma vez na luta por direitos e em defesa da democracia.”
A afirmação ocorre dias depois de o deputado estadual pelo Psol do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, um dos principais expoentes da legenda em nível nacional, defender a filiação e candidatura de Boulos, mas, ao mesmo tempo, colocar em dúvida a necessidade e a possibilidade de união das esquerdas no embate eleitoral deste ano.
A mobilização pela democracia e pelo direito do ex-presidente a um julgamento imparcial e a ampla defesa começa o ano reforçada. A CUT orientou todas as entidades sindicais filiadas a convocar suas bases a participar dos atos programados em defesa de Lula antes e durante o julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) em 24 de janeiro em Porto Alegre. Estão previstas caravanas para a capital gaúcha e concentrações por todo o Brasil. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o processo contra Lula converteu-se em “linchamento político", como parte de um “processo político de perseguição a Lula e ao que ele representa”.
Nos primeiros dias do ano, estima-se que o manifesto "Eleição sem Lula é Fraude", com adesão de personalidades como a ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner, o filósofo norte-americano Noam Chomsky, o compositor Chico Buarque, os escritores Raduan Nassar e Milton Hatoum, os jornalistas Hildegard Angel e Mino Carta, o jurista Fábio Konder Comparato, o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, e inclusive Boulos, ultrapasse a marca de 100 mil assinaturas.
A Frente Brasil Popular, integrada por dezenas de entidades sociais, articula também uma campanha de arrecadação de fundos para custear despesas com a organização das manifestações. “A Frente Brasil Popular está organizando um grande encontro de solidariedade ao presidente Lula nos dias 23 e 24 de janeiro em Porto Alegre. Lá reuniremos movimentos sociais e populares, juristas, intelectuais, artistas, partidos de esquerda, e nomes internacionais em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato. Para garantir as condições de infraestrutura e receber as Caravanas que virão de diferentes locais do Brasil, estamos realizando uma vakinha virtual. Acesse o link e saiba como contribuir, vamos todos às ruas em defesa da democracia!”, diz a frente.
Leia aqui a íntegra da nota do MTST, que exalta também a unidade das esquerdas durante todo processo de resistência ao golpe de 2016 e contras as retiradas de direitos sociais nos últimos anos.
Edição: Rede Brasil Atual