Coluna

Ameaças contra a mobilização popular devem ser repelidas

Imagem de perfil do Colunistaesd
"É preciso avisar ao prefeito Marchezan que os tempos sombrios daquele período, que esteve em vigor durante 21 anos terminaram"
"É preciso avisar ao prefeito Marchezan que os tempos sombrios daquele período, que esteve em vigor durante 21 anos terminaram" - Divulgação/ PSDB
Se nada for feito, o Brasil voltará aos tempos abomináveis de 1964

É lamentável a informação que vem sendo divulgada de que o serviço de inteligência do Exército está monitorando a movimentação relacionada com os atos de caráter democrático que deverão acontecer em Porto Alegre, em função do julgamento no TRF4, de um recurso sobre o veredicto do juiz Sérgio Moro que condenou Lula pelo triplex do Guarujá. Soma-se a isso a solicitação do prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchezan Júnior, do PSDB, solicitando o envio de contingentes militares à cidade no dia 24.

Na verdade, Marchezan e o serviço de inteligência do Exército, que deveria se ocupar, por exemplo, com a entrega das riquezas do país às multinacionais, estão repetindo o esquema da época da ditadura empresarial militar, em que qualquer manifestação era monitorada pela inteligência militar e posteriormente reprimida.

É preciso avisar ao prefeito Marchezan e seus seguidores que os tempos sombrios daquele período, que esteve em vigor durante 21 anos terminaram e que a população brasileira não quer de forma alguma voltar a viver em estado de exceção. É isso que é necessário combater, porque se nada for feito nesse sentido, em pouco tempo o Brasil voltará aos tempos abomináveis ocorridos após o golpe de estado de 1964.

Na verdade, já há indícios fortes de que o país está mergulhado em um estado de exceção, com o advento do novo golpe ocorrido em 2016. O atual governo, totalmente ilegítimo, vale sempre enfatizar, leva adiante um projeto repelido pelo povo e que só se manterá através do uso da força. O próximo dia 24 de agosto em Porto Alegre poderá ser um ensaio das forças golpistas contra manifestações populares legítimas.

E ao que tudo indica, o esquema em questão começa com advertências e pedidos do tipo feito pelo prefeito de Porto Alegre, por sinal herdeiro do pai, Nelson Marchezan, que prestou inestimáveis serviços à ditadura.

O primeiro momento da escalada é procurar incutir o medo aos setores populares dispostos a se manifestar. Aí a escalada aumenta até desembocar na repressão se as advertências anteriores não surtirem efeito, ou seja, não ocorrer a desmobilização.

A melhor resposta a toda essa escalada governamental com o auxílio da inteligência do exército é não esmorecer, ou seja, continuar a preparar a mobilização e demonstrar aos defensores do estado de exceção que o jogo deles não surte efeito. É preciso também denunciar o que pretendem, ou seja, evitar que o julgamento seja realizado de uma forma que o acusado, no caso o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, não possa a vir ser absolvido.

O objetivo dos golpistas, sobretudo dos militantes do PSDB como o prefeito Marchezan Júnior, é cristalino, ou seja, evitar que Lula venha a ser candidato à Presidência da República. Mas se não der certo esse esquema de arbítrio, os golpistas já têm preparado uma nova operação, qual seja, o aprofundamento do golpe com a aprovação, sem consulta popular, de uma mudança de regime do presidencialismo para o parlamentarismo ou semipresidencialismo, objetivando tão somente tirar os poderes do escolhido pelo povo.

Esse é o quadro que se apresenta. Para ser neutralizado é necessário que a população reaja e não se atemorize com as ameaças de aprofundamento do estado de exceção e com o que anda dizendo Marchezan Júnior e o serviço de inteligência do Exército.

Ao mesmo tempo, as mesmas forças que estão entregando as riquezas nacionais, o pré sal, por exemplo, seguem tentando levar adiante o projeto pernicioso aos interesses nacionais. Para tanto, se valem da escalada verbal ameaçadora, como se o papel do Exército voltasse a ser o mesmo da época da ditadura.

Edição: José Eduardo Bernardes