A perda da soberania do país, a humilhação no cenário internacional e o desmonte da Petrobras são o fio condutor da nota que a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) divulgou na sexta-feira (5). A questão que levantou a indignação dos profissionais da empresa estatal foi o acordo bilionário, de R$ 10 bilhões, para pagamento dos acionistas da empresa na Bolsa de Nova York, onde as ações são negociadas desde 2000.
A direção da empresa justificou que fez o acordo para colocar fim a uma ação em curso na corte federal dos Estados Unidos. Os investidores alegam que foram lesados com as denúncias de corrupção na estatal. “... Este acordo elimina o risco de um julgamento desfavorável.... Além disso, põe fim a incertezas, ônus e custos associados à continuidade dessa ação coletiva. No acordo proposto para o encerramento da ação, a Petrobras pagará US$ 2,95 bilhões...”, disse em nota a empresa dirigida pelo tucano Pedro Parente.
“O acordo não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras. No acordo, a companhia expressamente nega responsabilidade. Isso reflete a sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação Lava Jato, conforme reconhecido por autoridades brasileiras, inclusive o Supremo Tribunal Federal...”, afirmou ainda a nota de Parente.
“O que é isso senão o pagamento histórico pela perda de soberania que é resultado, entre outros fatores, da venda das ações em Nova Iorque”, perguntam em sua nota os engenheiros da Aepet. “É ultrajante perceber que o senhor Pedro Parente, atual presidente da Petrobras, participou desses dois momentos históricos que revelam a submissão do nosso país aos interesses dos Estados Unidos da América”. Segundo os engenheiros, o pagamento desses R$ 10 bilhões é mais uma “etapa da transferência da renda petroleira brasileira que é fruto de um ato continuado de corrupção e de crime de lesa pátria”.
“Causa-nos repulsa constatar que apesar da Petrobras ser a vítima da corrupção, condição reconhecida pela companhia e pelas instituições competentes brasileiras, o Mistério Público e a Justiça, a atual direção decida indenizar, bilionária e antecipadamente, os acionistas norte-americanos”.
A Aepet entende que o próprio ato de entrada da empresa na Bolsa de Nova York é lesivo à economia da estatal e, por isso, defende a recompra dessas ações, o que segundo entende deveria ter sido feito nos governos Lula e Dilma.
A associação critica o Judiciário – procuradores, juízes e agentes públicos – por conta de manter parceria com investigadores norte-americanos, “ora recebendo, ora entregando informações sensíveis à proteção dos interesses nacionais, das nossas empresas, dos nossos empregos e das nossas riquezas”.
Edição: RBA