Coluna

A importância da memória de D. Helder para 2018

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D. Helder foi um dos fundadores da CNBB e um dos grandes defensores dos Direitos Humanos na época da ditadura militar.
D. Helder foi um dos fundadores da CNBB e um dos grandes defensores dos Direitos Humanos na época da ditadura militar. - Wikimedia Commons
Arcebispo de Olinda e Recife, foi um dos fundadores da CNBB

2017 foi um ano de muitas dificuldades. Ano em que o golpe contra a democracia no Brasil se consolidou e vários retrocessos foram promovidos. Fim dos direitos trabalhistas, aumento nos preços em vários itens do nosso dia-a-dia, como gás de cozinha, combustíveis e eletricidade. E, entre tantas outras, a aprovação da Emenda Constitucional que congela o orçamento público federal pelos próximos 20 anos. Um horror. Um prenúncio de piora gradual na saúde, educação e por aí vai.

Em tempos assim, quando a elite parece não dar trégua e a classe trabalhadora parece não ter alternativas, sobra espaço muitas vezes para o pessimismo. Achar que tudo está perdido e que a derrota é inevitável. 

Nestes momentos, nos quais parecemos não ter saída, gosto de lembrar de Dom Hélder Câmara. Arcebispo de Olinda e Recife, foi um dos fundadores da CNBB e um dos grandes defensores dos Direitos Humanos na época da ditadura militar. Também conhecido como Mensageiro da Esperança por ser um bravo resistente, nas palavras e nos gestos. E eu gosto de lembrar de Dom Helder porque apesar de todas as derrotas, o ano de 2017 também foi marcado pela retomada de fortes lutas. Um exemplo importante foi a greve geral de 28 de abril. A maior dos últimos tempos, com mais de 30 milhões de pessoas que pararam em todo o país. E isso não é pouco.

O fato é que o ano de 2018 está em disputa. Estão em jogo dois projetos. De um lado, os que entregaram o governo ao Michel Temer e sua quadrilha e que querem acabar com o que resta dos direitos trabalhistas, sociais e privatizar tudo. Do outro, o lado da resistência, o lado de quem acredita no povo brasileiro e acredita, sim, que este país tem jeito.

Quem sairá vitorioso? Ainda não sabemos. O que sei é que devemos ter lado. E é ao lado dos que acreditam no país e em nosso povo. O lado de quem encara o futuro com otimismo, porém sabendo que este resultado depende diretamente de nosso esforço, de nossa mobilização e de nossa luta.
Certamente este seria o lado de Dom Helder Câmara e de sua luta em favor dos pobres. Para finalizar, gostaria de recomendar a leitura do artigo do atual arcebispo de Olinda e Recife, o Dom Fernando Saburido. Nele, faz dura crítica à hipocrisia do governo Temer e defende o legado de Dom Helder Câmara. Defensor da Justiça e Mensageiro da Esperança, como citei acima. E é em clima de esperança que devemos estar prontos para lutar em 2018.
 

Edição: Monyse Ravena