"No mês de abril se realizará nova eleição presidencial, na Venezuela”, anunciou o deputado constituinte Diosdado Cabello em ato realizado nesta terça-feira (23).
Diosdado formulou a proposta oficial para antecipar as eleições perante a Assembleia Nacional Constituinte (ANC). A medida foi aprovada por unanimidade pelos deputados constituintes, nessa terça. Agora, caberá ao Conselho Nacional Eleitoral fixar a data exata. Segundo as normas da ANC, terá que ser, obrigatoriamente, antes do dia 30 de abril.
O presidente Nicolás Maduro foi eleito em 2013 para exercer o cargo até 2019.
Como 23 de janeiro é uma data patriótica na Venezuela, pois comemora-se o dia em que a ditadura de Marcos Evangelista Pérez Jiménez foi derrotada, em 1958, milhares de venezuelanos saíram às ruas para comemorar os 60 anos do inicio do período democrático.
Os manifestantes comemoraram o anúncio das novas eleições, bem como Maduro, que participava dos atos comemorativos. “Felicito a ANC, pois foi uma decisão correta a de convocar eleições. Sou um humilde trabalhador do povo, se quiserem que eu seja candidato, estarei à disposição da classe trabalhadora”, declarou Maduro à imprensa.
O presidente também comentou as recentes sanções impostas pela Europa e os EUA ao país: “Na Venezuela, quem decide não é o império dos Estados Unidos, aqui quem decide é o povo venezuelano. Diante de mais sanções [da Europa], teremos mais eleições, mais democracia e autonomia para o povo”.
A presidenta da ANC, Delcy Rodríguez, ressaltou que essa é uma maneira de decidir nas urnas os conflitos políticos entre governo e a oposição. “É a quarta eleição que vamos realizar em oito meses. Essa eleição presidencial completará o ciclo de paz que a Venezuela necessita. E abril, historicamente, tem sido um mês de vitórias revolucionárias”, afirmou.
Já Cabello, que também é vice-presidente do partido socialista PSUV, afirmou que se seu partido “tem um só candidato, que se chama Nicolás Maduro Moros”.
Oposição vai participar
Os líderes da oposição reagiram ao anúncio de novas eleições. O ex-governador de Miranda Henrique Capriles do partido Primeiro Justiça fez um chamado aos opositores. “Se liberaram o direito de o povo decidir, pois que o faça. Unidade, mais do que nunca”, disse o líder em sua redes sociais.
Hoy, mañana, pasado, la única gran verdad es que a este Gobierno y su cúpula lo aborrece la inmensa mayoría de los venezolanos! Si se libera el derecho que tiene nuestro Pueblo a decidir se van! UNIDAD más que nunca! UNIDAD para recuperar la democracia!
— Henrique Capriles R. (@hcapriles) 23 de janeiro de 2018
Capriles foi o candidato da Mesa da Unidade Democrática, coalizão de partidos opositores, derrotado nas eleições de 2012 pelo ex-presidente Hugo Chávez e, de 2013, por Maduro.
Outro que se manifestou sobre o tema foi o deputado da Assembleia Nacional, Freddy Guevara, dirigente do partido Vontade Popular, ligado à extrema direita venezuelana. “Estamos diante de um momento histórico para alcançar a liberdade. Chamamos todas as forças democráticas para construir uma posição conjunta em relação ao adiantamento das eleições presidenciais”, disse em suas redes.
Na semana passada, a assessoria de imprensa da MUD informou ao Brasil de Fato que os partidos opositores preparavam-se para realizar eleições primárias da coalizão. De acordo com a MUD, um único candidato será escolhido para concorrer contra o presidente Nicolás Maduro, que tentará reeleição.
Edição: Vanessa Martina Silva