O auditório da faculdade da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficou totalmente lotado, na noite de segunda (22), para ouvir juristas que são contra os trâmites adotados no julgamento do ex-presidente Lula. Este foi o primeiro ato da agenda de Belo Horizonte em defesa da candidatura de Lula. Além desse ato, tem também protesto na terça (23) às 17h, na Praça Afonso Arinos, e uma vigília a partir de 8h, na quarta (24), na praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
O evento fundou o Comitê Mineiro de Juristas pela Democracia, com o objetivo de angariar mais advogados e operadores do direito para debater a conjuntura política e se agregar as lutas sociais. A própria organização do ato, conforme aponta Willian Santos, advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, é uma mostra da aproximação de advogados e organizações populares.
“Na última reunião antes deste ato, os professores, integrantes da RENAP (Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares), do sindicato e independentes reafirmam que estamos dentro da Frente Brasil Popular. Por isso, o ato de hoje é inclusive chamado pela Frente”, conclui Willian. O comitê recém fundado pretende aproximar advogados e juristas das pautas sociais, como a Reforma da Previdência.
Movimento “decisionista”
O professor Vinicius Moreira de Lima, que foi assessor do Tribunal Regional do Trabalho, fez críticas ao sistema judiciário e a Sérgio Moro. Para ele, Moro não pode ser considerado imparcial, visto que a própria sentença é uma atitude que acaba lhe conferindo parcialidade. Destacou também que há, na Justiça brasileira, um movimento decisionista.
“O juiz decisionista é aquele que julga à margem da lei e contra a prova dos autos. Isso encaixa como uma luva em Churchill Moro”, disse Vinicius, fazendo uma brincadeira com o nome do ex-primeiro ministro do Reino Unido, Winston Churchill, ao qual Sérgio Moro fez diversas referências públicas ao longo do processo contra Lula. “Essa politização direitista do judiciário é afinal uma grande oportunidade pra que todos nós discutamos o que é o poder judiciário”, completa.
O ato teve a palestra ainda de Leonardo Isaac Yarochewsky, advogado criminalista e doutor em ciências penais, além da presença de Daniel Murad, conselheiro estadual da OAB Minas Gerais; Carolina Lobo, do Sindicato dos Advogados de MG; Arco Verde, da Frente Brasil Popular; Nilmário Miranda, secretário estadual de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania; e de diversos parlamentares, como a deputada federal Jô Moraes (PCdoB).
Você pode conferir a gravação da transmissão ao vivo aqui.
Edição: Frederico Santana