O julgamento do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) nesta quarta-feira (24) foi acompanhado por manifestações em todo o país. O petista foi condenado, por unanimidade, pela corte, em segunda instância, que aumentou a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro, de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão.
"A gente não pode parar de lutar, temos que lutar sempre. Eles acusam os movimentos populares de entrar em terreno que ninguém usa, mas querem impor que alguém seja dono de um triplex que nem é dele", afirmou Maria José Faustino de Nova Iguaçu (RJ), que esteve presente na mobilização realizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde ocorreu a votação do TRF4.
Também presente na manifestação na capital gaúcha, Josefa Faustino, do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Rio de Janeiro, questionou o resultado: "Não dá para entender essa Justiça. É muito difícil engolir a ideia de que alguém pode ser condenado sem provas".
Após a confirmação do resultado, o Partido dos Trabalhadores (PT), Frente Brasil Popular (FPB) e o Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), se manifestaram, em nota, criticando a decisão. Todos acusaram a Justiça de praticar perseguição política ao ex-presidente e explicitaram a mobilização que será realizada nos próximos dias para garantir que Lula seja candidato nas eleições presidenciais de 2018.
Além de Porto Alegre, que concentrou as mobilizações de diversos movimentos populares da cidade e do campo, Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Aracaju (SE), Vitória da Conquista (BA), João Pessoa (PB), Parauapebas (PA) e Fortaleza (CE) foram algumas das cidades que tiveram atos contra a condenação de Lula.
Contra a perseguição midiática ao ex-mandatário, integrantes de movimentos estudantis ocuparam a Rede Globo, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e mancharam de vermelho o letreiro e o símbolo da emissora.
Em São Paulo, a mobilização foi realizada na Praça da República, no centro da cidade. Por volta das 20h30, o presidente Lula discursou diante das cerca de 50 mil pessoas que estavam no local. "Quem está no bancos dos réus é Lula, mas o condenado foi o povo", afirmou.
Manifestantes, integrantes da Frente Povo Sem Medo (FPSM) bloquearam as rodovias Imigrantes, Dutra e Régis Bitencourt em atos pela democracia e contra a perseguição ao ex-presidente.
Em Curitiba (PR), a mobilização teve início pela manhã com a distribuição da edição especial do Brasil de Fato sobre o julgamento do ex-mandatário.
Em Belo Horizonte (MG), foi realizada uma vigília diante da Assembleia Legislativa, em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato. Os movimentos realizaram uma marcha até a Justiça Federal.
Em João Pessoa (PB), os manifestantes sofreram repressão policial durante a manhã desta quarta (24). A polícia recebeu os trabalhadores de modo truculento e um homem foi atingido por uma bala de borracha e outro foi preso de modo considerado arbitrário pelos movimentos populares presentes no ato.
Em Aracaju (SE), a BR-101 foi bloqueada em protesto contra o resultado do julgamento.
No centro da cidade, a Frente Brasil Popular ocupou as escadarias do Tribunal de Justiça de Sergipe. Movimentos afirmam que "Eleições sem Lula é fraude" e que continuarão nas ruas lutando por eleições democráticas e em defesa dos direitos do povo brasileiro.
No Ceará, povo Tapeba invocou encantados indígenas para proteger Lula e restaurar a democracia. Em Sobral, uma manifestação pediu o fim da retirada de direitos dos trabalhadores.
Em Belém (PA), houve uma manifestação em frente à Justiça Federal, que contou com a participação de várias caravanas do interior do estado.
Edição: Simone Freire