Cabe ao povo brasileiro reagir
Realmente ficou mais do que claro a perseguição política contra Luiz Inácio Lula da Silva com a apreensão do seu passaporte ordenada por um juizeco de nome Ricardo Leite. Foi uma decisão vergonhosa, sem dúvida, uma afronta ao direito de ir e vir de um cidadão brasileiro.
A imagem do Brasil no exterior se deteriora em função do estado de exceção que vive o maior país sul-americano. Por exemplo, a historiadora francesa Juliette Dumont, professora do Instituto de Altos Estudos da América Latina (Iheal), em Paris, considerou a condenação do ex-presidente Lula como "uma afronta ao Estado de Direito no Brasil".
Na opinião da especialista, a falta de provas de corrupção contra o petista mostra que seus direitos não foram respeitados. E com a retenção do passaporte de Lula, que impediu a sua participação em um evento das Nações Unidas na Etiópia que analisa a questão da fome, em que Lula sempre teve importante protagonismo no combate, contribui para aumentar o desgaste do Brasil no exterior. O que dirão os participantes do encontro quando forem informados que a “justiça” impediu que Lula participasse da reunião?
É preciso agora demonstrar que o povo brasileiro está atento aos acontecimentos que confirmam a vigência de um estado de exceção.
E para reforçar o esquema de exceção mais uma vez o jornal O Globo divulga editorial contra Lula e enfatizando a importância da decisão do TRF4 de Porto Alegre, que até aumentou a condenação do réu para 12 anos e um mês. Mas O Globo quer mais e agora está se esforçando no sentido da prisão do candidato à Presidência que lidera as pesquisas eleitorais por larga margem.
A família Marinho realmente está apavorada com o posicionamento atual de Lula e dos setores progressistas em favor da regulação da mídia, exatamente com o objetivo de democratizá-la e fazer com que o esquema Globo perca força e deixe de ter o espaço hegemônico de reforço à manipulação da informação.
Em um momento em que se fala tanto das notícias falsas, mentiras, na internet, não se pode também deixar de lado a manipulação grosseira divulgada diariamente nos jornalões e telejornalões em que o esquema Globo tem a hegemonia.
Editoriais e comentários dos colunistas de sempre não deixarão de se opor a regulação da mídia, algo que acontece em países ocidentais como a França, Portugal, Estados Unidos e pelo mundo a fora.
Mas no Brasil, o tema é considerado censura pelos proprietários dos veículos de comunicação que não podem ouvir falar no tema. Querem continuar mandando como atualmente e com isso produzem manipulações diárias das informações com o claro objetivo de fazer cabeças dos incautos que se deixam iludir com relativa facilidade
O comportamento atual da mídia comercial em relação à condenação de Lula e a continuidade das informações sobre o tema é sintomático. Os que dominam a mídia comercial, como o esquema Globo, por exemplo, temem que o povo brasileiro desperte e reaja às ilegalidades que estão acontecendo hoje no Brasil.
O fato, por exemplo, de o Fundo Monetário Internacional agora reforce a campanha em favor da contra reforma da Previdência é considerado absolutamente normal pelo governo e pela mídia comercial. O que importa para esses grupos é conseguir entregar todas as riquezas nacionais, como adiantou o chefe institucional lesa pátria Michel Temer em Davos.
Cabe ao povo brasileiro, que não se deixa levar pela manipulação da informação, reagir e demonstrar que não aceita a continuidade do estado de exceção, que, por sinal, a mídia comercial ignora e tece loas ao que vem acontecendo em matéria de ilegalidade.
Por esta e outras, não se trata apenas de defender Lula, mas basicamente os valores democráticos. E no caso de recuar no tempo, em agosto de 1954, os golpistas daquele momento estavam preparando a humilhação do então Presidente Getúlio Vargas, que seria deposto e possivelmente enviado para a famigerada República do Galeão para ser humilhado. Vargas se antecipou e deu um tiro no peito evitando o golpe tentado pelos antecessores dos grupos que tomaram o governo brasileiro por um golpe parlamentar, midiático e judicial.
Mas quem imaginava que esses grupos não seguiriam adiante tentando aprofundar o golpe atual, enganaram-se. A condenação, sem provas, de Lula pelo TRF4 é a continuidade dos golpes deflagrados pelos mesmos setores econômicos de outros tempos, mas desta vez sem os militares, substituídos pelo pessoal da toga com o apoio efusivo da mídia comercial.
Edição: Brasil de Fato