Nos países de língua espanhola, Francisco tem o apelido de Paco ou Paquito
Recentemente a filha de um amigo teve um filho e deu a ele o nome de Francisco. Mas foi logo avisando que não queria que ninguém o chamasse de Chico. Queria que todos chamassem o menino de Francisco.
Achei uma bobagem.
Aqui um parêntese: só no Brasil e no Paraguai é que Francisco tem apelido de Chico. Nos países de língua espanhola em geral, Francisco tem o apelido de Paco ou Paquito. Chico, em espanhol, significa pequeno.
As línguas do tronco tupi-guarani não têm algumas consoantes que nós usamos, e os povos indígenas que falam essas línguas não conseguem pronunciar o nome Francisco. Quando os jesuítas falavam para eles sobre São Francisco eles se enrolavam e falavam São Chico.
E isso pegou entre nós.
Bom... Contei para ela a história de um amigo meu, apelidado Chico.
Brincalhão com cara de sério, quando queria partir para as brincadeiras, ele sempre impressionava os ouvintes. Era levado em grande consideração, mesmo quando não falava coisa com coisa. E gostava de fazer isso. Fazia grandes gozações sem que os gozados percebessem.
Ele era professor de Geografia e, quando começou a lecionar num colégio estadual da Zona Leste de São Paulo, entrou numa classe e escreveu seu nome no quadro: Francisco. Virou para a classe, encarou seriamente vários alunos, um a um, e começou a falar:
— Estou vendo que alguns de vocês já estão pensando em me chamar de Chico. Quem fizer isso leva bomba! Chico é sinônimo de menstruação... Em muitos lugares, mulher menstruada diz que está de chico...
Os alunos continuaram olhando pra ele com respeito, e ele continuou:
— Chiquinho é pior. É mico daqueles que fazem palhaçadas com camelôs...
Uns alunos tiveram vontade de rir, mas se contiveram ante o olhar reprovador do professor...
— Chicão, é pior ainda. É nome de beque de time de várzea.
Um aluno quis agradar:
— Só pode chamar de professor Francisco, né?
— Quê isso, menino? Quem é que chama alguém de Francisco? É muito formal!
— Professor Fran? — arriscou um outro.
— Fran!? Isso é apelido de Francisco que não assume o nome. Apelido de gente besta.
— Como é que a gente fala, então, professor? — perguntou um aluno quase sem voz, de tanto respeito.
E ele respondeu:
— Chicãozinho. Eu gosto é de ser chamado de Chicãozinho.
Edição: Camila Salmazio