Entre os dias 22 e 27 de janeiro, o movimento Levante Popular da Juventude realizou a primeira edição da Universidade Popular (UP) em Minas Gerais. O evento, que aconteceu em Ibirité, visa à formação de jovens estudantes, traçando uma relação crítica entre teoria, realidade universitária e pratica profissional.
Objetivos
Durante 10 anos, o movimento estudantil construiu o projeto de Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), realizado em áreas de reforma agrária, agricultura familiar e outros. Em 2013, o Levante Popular da Juventude concluiu que seria necessário um curso permanente e que pensasse também a organização de estudantes.
“Tentamos colocar o projeto em pratica há vários anos, mas, pela agenda sufocante, só foi possível neste ano. Esperamos contribuir principalmente com o fortalecimento do movimento estudantil em cada universidade onde o Levante está inserido, seja ela pública ou privada, crescendo nossa atuação nas regiões”, afirma Lizian Martins, do Levante Popular da Juventude.
Com a participação de aproximadamente 70 jovens de várias cidades de Minas Gerais, o curso discutiu 7 eixos: educação, saúde, direito, comunicação, cidades, questão agrária e questão energética.
Ana Carolina Vasconcelos, do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estava no eixo da educação. Ela ressaltou os diversos debates que não estão presentes nas aulas na universidade e que são muito importantes para compreender a conformação social do povo brasileiro. “A quem se está formando hoje? Esses futuros profissionais irão atender às necessidades do povo?”, questiona.
Julia Bonifácio, estudante de direito da UFMG, participou do eixo do direito. “Foi uma experiência muito rica, compartilhada por assessores que constroem movimentos sociais para além dos muros da universidade, tendo oportunidade de conhecer vias teóricas não conhecidas, desde pautas progressistas até atuações dos profissionais na área dos direitos humanos”, explica.
Aprendendo com o Levante
Para a realização do evento, o Levante contou com o apoio de organizações sindicais, movimentos populares e da Fundação Helena Antipoff, que abrigou as atividades. “A sociedade é conservadora e tem uma visão pejorativa em relação ao jovem, mas o Levante desmistifica esse tipo de visão de que o jovem não gosta de política. Aprendemos muito com a juventude do Levante”, comenta Wanderson de Souza, Diretor de Educação Básica da Fundação.
A entidade, que trabalha com ensino, pesquisa e extensão, atende a 2600 alunos. Aos sábados e domingos, o espaço é aberto à comunidade. Assim, quem passou pelo local pôde conhecer um pouco o projeto. “Não se deve ter uma política que passa pelo jovem, tem que convidar os jovens para fazer política e, nisso, o Levante é um exemplo”, afirma Maria de Lourdes, moradora do bairro Lago Azul, em Ibirité.
Edição: Wallace Oliveira