Quem realmente produz a riqueza? Não há dúvidas seja pelo acúmulo teórico ou pelas experiências práticas de dois séculos do modo de produção capitalista.
Quem produz a riqueza que vem das fábricas e do campo?
Os operários e operárias que em seus postos de trabalho atuam constantemente. Não é diferente as situações das lojas dos comércios em que as vendedoras e vendedores se desdobram para vender o que está ali exposto. Das lanchonetes das periferias, no serviço público e até mesmo nas empresas de comunicação.
Quem vive de salário é trabalhador, é trabalhadora. Diretores de empresas, chefes de repartição não são patrões. São também funcionários, que vendem sua força de trabalho.
Em resumo, quem trabalha é a classe trabalhadora.
Mas não é ela quem fica com a riqueza. Por quê? A resposta está na diferença entre tudo que se gastou para produzir e o total do que se vendeu. O excedente é o que se chama mais-valia.
Essa diferença fica para os patrões, que engana o povo trabalhador oferecendo o salário como recompensa pelo trabalho produzido. O salário é apenas parte, e uma parte pequena, da riqueza produzida pelo trabalhador.
Precisamos ter a consciência que o dono de uma rede supermercados, o patrão (não estamos falando do gerente este é o trabalhador também) em nenhum momento esteve no caixa, no estoque ou mesmo cultivando legumes e hortaliças.
Enquanto escrevo este singelo texto, meus patrões (a burguesia) voam possivelmente para a Suíça com vistas de aproveitar o inverno europeu. Trabalharam muito? Férias? Não. Apenas contratam quem administra nossas vidas e suas riquezas que foram produzidas por nossas mãos.
A consciência é o momento em que paramos de competir pela vaga do trabalho do outro, de julgar os colegas, de compreender que todas as dores ali têm uma causa. Esta causa a cada dia se torna mais esquecida pela alienação. A alienação é o Alzheimer social que nos deixa a cada momento mais distante de romper com a possibilidade de termos um futuro livre.
Ah! A liberdade.
Para os ricos, nossa liberdade tem o preço de sua morte econômica, mas para nós, a nossa liberdade tem o preço de não mais ter preço. A vida e a liberdade não têm preço.
*Leonardo Koury Martins é professor, assistente social e militante na Frente Brasil Popular e leitor do Brasil de Fato
Edição: Joana Tavares