Poucas horas antes de viajar à República Dominicana para assinar o acordo de convivência e paz com a oposição, o ministro da Comunicação da Venezuela, Jorge Rodrigues, conversou com a imprensa, na tarde de segunda-feira (5).
Na ocasião, ele disse que, apesar das pressões dos Estados Unidos, governo e oposição podem chegar a um consenso. “Estamos prontos para assinar o acordo de convivência e paz com a oposição venezuelana. Inclusive, o acordo já está redigido. Temos acordo em 99,9% dos pontos negociados”, disse Rodríguez.
Entre os pontos negociados - e sobre os quais já existe acordo - está o sistema eleitoral, segundo o ministro. “Entre os elementos da mesa de diálogo, posso adiantar porque já está acordado, propomos uma comissão de observação internacional o mais ampla possível. Para que venham, observem e aprendam como se faz eleições na Venezuela”, revelou Jorge Rodríguez.
O porta-voz do governo também revelou a principal dificuldade no diálogo com os opositores. “Uma das dificuldades nesse processo de negociação com a oposição é a profunda divisão entre eles".
De acordo com o ministro tampouco existe unidade quando o tema é "candidatos à Presidência da República". "[Os opositores] já têm mais de cinco pré-candidatos a presidente, entre eles Henry Ramos Allup (Ação Democrática), Henry Falcón (Avançada Progressista), Claudio Firmín (Ação Democrática), Andrés Velásquez (La Causa Radical) e dois mais, que nos próximos dias vocês saberão quem são”, destacou.
As negociações, que eram para ter sido retomadas na segunda, foram adiadas para esta terça-feira (6). Em um comunicado divulgado nas redes sociais, a Mesa da Unidade Democrática, coalizão dos partidos opositores, confirmou presença na mesa de diálogo. A comitiva do governo também já está na República Dominicana. A expectativa, segundo o ministro Jorge Rodrigues é que chegue a acordo final ainda esta semana.
Pressão internacional
Durante a entrevista coletiva, o ministro de Comunicação afirmou que o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, que está em viagem pela América Latina, pretende criar um “grupo de líderes de combate à Venezuela”. Jorge Rodriguez também classificou como “grosseiras” as declarações do secretário de Estado dos Estados Unidos e que atitude em relação à Venezuela é “intervencionista”.
No último domingo (4), o secretário de Estado declarou, durante uma visita à Argentina, que os EUA podem aplicar sanções sobre o petróleo da Venezuela, para destruir o governo Maduro, mesmo que isso significasse prejudicar a população. “Um dos aspectos de considerar sancionar o petróleo é o efeito que teria no povo venezuelano, e é um passo que poderia acabar rápido com isso”.
Apesar de o ministro de Relações Exteriores da Argentina argumentar que as medidas “nunca devem prejudicar o povo venezuelano”, o secretário do governo Trump insistiu que “não fazer nada para por fim a esta [crise] também é pedir ao povo venezuelano que sofra”, assim noticiou às agências de notícias internacionais.
Edição: Simone Freire