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Artigo | Huck compra jatinho com empréstimo de R$ 17,7 milhões no BNDES

O crédito foi tomado pela Brisair Servicos Técnicos Aeronáuticos Ltda, empresa de Huck e sua esposa Angélica

Tijolaço |
Huck, nos mesmos 12 meses, paga 3% com sua empresa que nem mesmo tem a atividade de táxi aéreo no registro.
Huck, nos mesmos 12 meses, paga 3% com sua empresa que nem mesmo tem a atividade de táxi aéreo no registro. - Reprodução

O empresário e apresentador de TV Luciano Huck recebeu, do BNDES, um empréstimo de R$ 17, 71 milhões para comprar o jatinho Phenom 505, prefixo PP-HUC,  que usa em seus deslocamentos.

O crédito, tomado pela Brisair Servicos Técnicos Aeronáuticos Ltda, empresa pertencente a ele e à mulher, Angélica, foi obtido pela linha do Finame (financiamentos a máquinas e equipamentos), a juros de 3% ao ano, 5 meses de carência e outros 114 meses para pagamento, funcionando o Itaú como operador do financiamento.

O documento do BNDES está aqui e pode ser obtido por qualquer um na página de consultas do Banco.

A Brisair, que funciona em parte de uma sala na Barra da Tijuca, no seu registro na Receita Federal, consta como tendo atividades de“ consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica” e, secundariamente, “administração de caixas escolares” e “atividades de apoio à educação, exceto caixas escolares “.

Seus sócios, como também está nos dados da Receita, são Luciano Huck e Angélica Kysivikis Huck.

A imagem do avião, aí de cima, foi tomada pelo fotógrafo e entusiasta de aviação Bruno Ramm, logo após pousar, em 15 de junho de 2016, no Aeroporto de Canela (RS), vindo do Rio de Janeiro. O documento que lhe atesta a propriedade está no Registro Aeronáutico Brasileiro.

Espero que Luciano não reaja como fez em 2005, quando mandou uma carta agressiva para a Revista Contigo, de fofocas de “celebridades” desmentindo o que ela publicara: que ele havia comprado um helicóptero de R$ 1 milhão de reais, na época, e escolhido prefixo PR-KIM para homenagear o filho.

Queixou-se em termos duros da revista, a quem acusou de publicar “informação infundada, sem critérios jornalísticos de apuração e publicada de forma não responsável e que pode, de alguma forma, prejudicar a paz e tranqüilidade que eu e minha esposa esperamos poder construir e proporcionar para nosso filho. Nós esperamos que ele tenha uma infância normal e feliz.

Ele mesmo admitia, porém, que o helicóptero era da Brisair e que era um dos sócios da empresa. A informação, portanto, não tinha nada de infundado.

E tanto era assim que, partindo dela, resolvi procurar aeronaves com prefixo HUC e…bingo!

Pega pela vaidade pueril, a compra com financiamento subsidiado, desmonta o discurso do “é meu porque comprei com o meu dinheiro”. Não, foi com o nosso, a juros subsidiados.

Se eu quiser comprar um carro popular, vou pagar 25% ao ano.

Huck, nos mesmos 12 meses, paga 3% com sua empresa que nem mesmo tem a atividade de táxi aéreo no registro. Se ele a aluga, deve ter as notas fiscais, pois não? Duvido.

Alguém que “estuda” ser Presidente da República tem de dizer o que acha disso.

Não vale, como os juízes fizeram com o  auxílio-moradia, apenas dizer que ‘é legal” e se “estão dando, eu pego”. Não se está chamando de ilegal, mas de imoral.

E, por favor: nada de alegar “informações infundadas’, ok? Os documentos estão linkados, são públicos e oficiais.

Aeronave pertencente ao apresentador Luciano Huck pousou em Canela na noite desta quarta-feira (15.06) procedente do Rio de Janeiro.

O algorítmo da mídia e o jatinho do Huck

por Fernando Brito, no Tijolaço, em 1/02/2018

Estou ainda esperando que algum jornal se interesse pela notícia, dada ontem aqui, que Luciano Huk e sua mulher, Angelica, através de uma empresa de propriedade de ambos, retiraram R$ 17,71 milhões  do BNDES para a compra de um jato executivo, de dez lugares, num financiamento para lá de subsidiado, com juros de 3% ao ano.

Verdade que foi um sábado, verdade que é carnaval e a apuração dos jornais claudica.

Mas não é uma fofoca, um “dizem”, um “falaram que”.É notícia na veia.

Os documentos estão explícitos e reproduzo suas imagens abaixo, para quem não acessou os links.

As fontes são a Receita Federal, a Agência de Aviação Civil e o próprio BNDES.

Quer ter ideia se o assunto é jornalístico? Substitua o nome de Huck pelo de qualquer presidenciável.

Empresa de Lula pegou R$ 17,7 mi no BNDES para comprar seu jatinho

Empresa de Alckmin pegou R$ 17,7 mi no BNDES para comprar seu jatinho

Empresa de Bolsonaro pegou R$ 17,7 mi no BNDES para comprar seu jatinho

Empresa de Ciro Gomes pegou R$ 17,7 mi no BNDES para comprar seu jatinho

Empresa de Marina pegou R$ 17,7 mi no BNDES para comprar seu jatinho

E, se fosse a empresa de qualquer um deles, interessaria saber a fonte das receitas para pagar este luxo.Se não são receitas próprias, mas operações cruzadas, de outras empresas, dos próprios ou de terceiros, interessam, quando se trata de alguém que “cogita” governar o Brasil, o que inclui nomear a direção do BNDES.

PP-HUC não é notícia, mas seriam os imaginários PP-LUL, PP-ALC, PP-BOL, PP-CIR ou PP-MAR?

Como profissional de imprensa há 40 anos, ainda me constranjo com este filtro, ainda mais no momento em que o “escândalo” é a preferência nacional, em detrimento do pensamento de fundo sobre a realidade do país.

Não se pode reconhecer autoridade moral na mídia para reclamar das “fake news” e do Facebook, se elas utilizam as “seletive news” de forma descarada. Não é melhor uma editoria censória do que um algoritmo “escondedor”.

Estou longe de pretender créditos ou louros por uma apuração para lá de básica, que não exige senão um acesso à internet para obter a documentação. Muito menos em aumentar os acessos e a publicidade, porque estaria publicando peitos e bundas, em lugar de jatos glamourosos (como, aliás, sobram na grande mídia…)

Meu ofício me ensinou – já mudaram isso, não é? – que jornalista não é notícia e que sua majestade é o fato.

E o fato está lá, escancarado.

À espera de que o algoritmo da mídia o faça virar notícia.

Edição: Tijolaço