Banda que não dissocia música de política se prepara para lançar seu quinto álbum, com ritmos que vão da salsa ao forró
Bandeiras, faixas e enormes balões começam a surgir no meio de militantes de vários movimentos populares. Enormes carros de som estacionam nas vias e os músicos da banda Mistura Popular já começam a se aquecer e afinar os instrumentos para animar mais um ato.
Bateria, sanfona, baixo e violão, embalam o público militante e intercalam músicas às falas e informes. É esta a rotina de lutas da banda composta por militantes de movimentos, que há oito anos traz alegria e música engajada à festas, sindicatos e às manifestações. Entre elas a manifestação contra a reforma trabalhista, a reforma da previdência e em diversos atos contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Mas o grupo não se apresenta apenas em espaços de militância, como explica Jadir Bonacina, que faz parte da banda e é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens e defende a indissociação da música da política.
"O foco principal hoje é levar música boa na esquerda, no Brasil. A gente tem conseguido contribuir um pouquinho nessa questão. A gente não consegue distinguir, no Mistura Popular, até tem muitas pessoas que falam que arte é arte, política é política, cultura é cultura. A gente não consegue fazer uma divisão da política com a arte. A gente acha que a arte e a política elas andam juntas, até porque geralmente a arte vem pra atender as necessidades da política e vice-versa", explica.
A diversidade de sons que "bebem da fonte" de ritmos tradicionais brasileiros e o resgate de ritmos latino americanos, refletem a preocupação com a valorização da cultura popular e, sobretudo, a fraternidade entre os povos latino americanos, que sofreram e sofrem processos de exploração.
Salsa, xote, frevo, baião são alguns dos ritmos que a banda Mistura Popular entoa em composições autorais, que estarão presentes no mais novo trabalho, o quinto disco. Intitulado "Misturando o Brasil 2" o cd está em fase de pré-produção e tem previsão de lançamento para meados de março, seguindo a lógica de apresentações de lançamento em espaços de luta e resistência popular.
"Então nesse trabalho a gente tá trazendo várias músicas, a maioria dos integrantes do grupo, que são compositores. A gente tá trazendo bastante a influência latino-americana, gravamos salsa, xote, frevo, baião e rock, neste material novo. A gente tá bem empolgado, estamos em pré-lançamento, vamos lançar ele oficialmente neste próximo mês", afirma Bonacina.
A banda pretende lançar o cd no mês que vem, com shows em espaços de luta, como o Armazém do Campo, no centro, que há um ano comercializa produtos da reforma agrária e incentiva a cultura popular, com shows às sexta-feiras e sábados.
Edição: Camila Salmazio