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Rio de Janeiro não aprende a lição da história e segue homenageando golpistas de 64

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Rio de Janeiro passa vergonha ao insistir em homenagear os militares de 64
Rio de Janeiro passa vergonha ao insistir em homenagear os militares de 64 - Tania Rego/Agência Brasil
Os militares brasileiros foram ao Haiti para aprender a matar?

Enquanto em São Paulo um viaduto que tinha a denominação de 31 de março, em homenagem ao golpe empresarial militar, passou a ser designado Teresinha Zerbini, no Rio de Janeiro a Câmara dos Vereadores nada tem feito para acabar com as homenagens a um período sombrio da história brasileira.  

Realmente é de causar espécie o fato de os políticos do Rio de Janeiro, com raras exceções, não se mobilizarem para a mudança e de uma vez por todas acabar com esse estado de coisas que envergonha a cidade do Rio de Janeiro.

Se a Câmara dos Vereadores aprovar algo nesse sentido, o bispo que também é prefeito do Rio, Marcelo Crivella, vai ter que sancionar, pois se não o fizer ficará ainda mais queimado diante da opinião pública do que agora. Mas como o prefeito é capaz de tudo, todo cuidado é pouco.

É preciso ainda mais, ou seja, fazer um levantamento em todo o Rio de Janeiro para se conhecer quantos responsáveis pelo golpe de abril de 1964 continuam sendo homenageados. Se isso não acontecer, o Rio de Janeiro seguirá sendo uma cidade que envergonha o Brasil. 

Não bastasse a impunidade de assassinos e torturadores responsáveis por crimes contra a humanidade, é absurdo a homenagem continuar. 

O atual chefe do Exército, General Villas Bôas ainda por cima aparece no noticiário manifestando o temor que os militares que serão responsáveis por levar adiante o decreto do  lesa pátria venham a ser acionados daqui a 30 anos por uma Comissão da Verdade.

O general de alta patente parece desconhecer que a Comissão da Verdade que analisou crimes cometidos no período da ditadura de 1964 não teve o poder de punir ninguém. Está em vigor uma lei de anistia que garante a impunidade de autores de crimes contra a humanidade.

Como se não bastasse, o ex-comandante de tropas brasileiras no Haiti, hoje General da Reserva, Augusto Heleno, defendeu que os militares destinados a agir no Rio de Janeiro, acionados pelo lesa pátria, possam ter poderes para "matar delinquentes" que ameaçam a sociedade. O militar seguiu expondo suas idéias em uma entrevista afirmando que o Exército tem que ter o poder de polícia e defendeu também que a corporação tenha condições jurídicas para agir. Apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido que se manifeste favoravelmente nesse sentido. 

Uma pergunta que não quer calar: os militares brasileiros foram ao Haiti para aprender a matar? Essa é a função dos militares hoje? Até porque se tiverem esse poder em pouco tempo os mais prejudicados serão, como sempre, os moradores de áreas pobres do Rio de Janeiro que assistirão incursões que atingirão muitos inocentes, como tem acontecido rotineiramente nas favelas cariocas.

Edição: Brasil de Fato RJ