"Viagem ao coração do sol" é o nome do disco da banda pernambucana que vem por aí
A banda do sertão pernambucano, Cordel do Fogo Encantado, reacende suas chamas depois de oito anos longe dos palcos. O retorno da poesia de cordel e dos tambores vigorosos foram anunciados pelos integrantes do grupo nesta sexta-feira (23).
Além de disponibilizar todos os sucessos nas plataformas de streaming, a banda cênica se prepara para lançar um novo trabalho: o álbum Viagem ao coração do sol.
"Esse agora, Viagem ao coração do sol, é como se seguíssemos a história e, saindo desta hibernação, saímos de dentro da terra e estamos em um caminho em direção ao sol, onde mora a filha do vento que chamamos de liberdade. São personagens que a gente desenvolveu para contar essa história e musicalmente a mesma formação, com os mesmo tambores." conta o letrista e vocalista Lirinha.
Com voz que exala poesia, José Paes de Lira, o Lirinha, diz que foi em 2016 que os integrantes se reuniram novamente para organizar a discografia e decidiram voltar, mas mantiveram segredo.
"Nessa tentativa da gente organizar este material, os integrantes se reuniram e os sentimentos foram aquelas mesmas coisas do início. Aquela vontade de mandar a mensagem do Fogo Encantado", revelou.
O novo disco, que tem previsão de lançamento em abril, promete fazer “chuver” poesia, segundo o violonista Clayton Barros, que está na expectativa pela retorno da banda:
"Esse disco fala de um ressurgimento, de uma retomada, como se estivéssemos passado este tempo como sementes embaixo da terra esperando para eclodir novamente. Eu estou muito feliz e realizado com essa volta, com o que eu tenho recebido das pessoas nas redes sociais, da movimentação, do resultado do trabalho. Estou confiante."
O álbum Viagem ao coração do sol foi produzido pelo cearense Fernando Catatau, que deixa seus arranjos registrados na faixa Sideral.
O carro-chefe da banda continua sendo os tambores de raízes africanas, o violão e a poesia. A força da tradição popular é a marca que fica evidente nos trabalhos, inclusive nos anteriores, incluindo o primeiro disco, de 2001, chamado Cordel do Fogo Encantado, produzido pelo instrumentista Naná Vasconcellos.
Barros fala sobre a volta da banda em um período político conturbado e como as histórias contadas nas canções criadas pelo grupo vão abordar os temas atuais e populares.
"Continuamos defendendo a classe indígena, a classe negra, continuamos cada vez mais defendendo a diversidade sexual, a figura da mulher e as questões sociais que envolvem a mulher no mundo de hoje, a disparidade...", comenta.
No ano passado, Lirinha participou da inauguração do campo Dr. Sócrates Brasileiro da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele gravou a música "O campo é o corpo".
"Neste período de oito anos que passamos sem a banda, eu me aproximei muito do MST, por isso essa relação com o campo Dr. Sócrates. Considero que foi uma das melhores coisas que eu vivenciei, eu tenho uma identificação muito grande com os pensamentos, com a luta do movimento e o Cordel do Fogo Encantado tem essa origem num entendimento da importância de uma Reforma Agrária Popular", conclui Lirinha.
O lançamento do novo álbum está marcado para o dia 6 de abril, mas as datas de apresentações e turnês ainda não foram divulgadas. Para ir matando a saudade, o Cordel do Fogo Encantado reuniu todos os sucessos anteriores nas plataformas de streaming Spotify, Deezer e na loja Itunes.
Edição: Camila Salmazio