"a sensação de medo é algo que parece presente em vários setores da sociedade"
O Brasil vive hoje uma grande crise de segurança pública. Isso não é segredo para ninguém. Na realidade, a sensação de medo é algo que parece presente em vários setores da sociedade em nosso país. Só em Pernambuco, foram mais de cinco mil assassinatos em 2017. São número de guerra. E os relatos de situações de violências vividas estão presentes em todos os espaços. Muitas vezes são o tema principal de programas de televisão, porém muito pouco é tratado sobre como resolver. E está é a grande questão sobre a qual precisamos nos debruçar.
Uma coisa é certa: a violência é um problema complexo. E problemas complexos possuem soluções complexas. Qualquer que seja o discurso que tente apresentar uma solução simples para estes problemas é incabível. Um exemplo é o discurso que a solução para a violência passa pela liberação de armas para os “cidadãos de bem” poderem se defender.
O que a ciência comprova é que liberar armas não resolve absolutamente nada quanto ao problema da segurança pública. Um estudo recente liberado pela Escola de Saúde Pública de Harvard fez uma síntese de vários destes pontos e comprova a tese.
Entre algumas das conclusões, uma delas é que armas de fogo são usadas mais frequentemente para assustar e intimidar do que para defesa própria. Outra conclusão alarmante é que armas de fogo em casa são usadas normalmente mais para intimidar pessoas íntimas e familiares que para evitar crimes.
Por fim, ainda entre outras conclusões, um dos estudos aponta que o uso de arma de fogo não se comprovou eficaz na autodefesa e comparação a outros mecanismos. E olhe que estamos falando de um país, os Estados Unidos, com reconhecida permissividade ao porte e uso de armas de fogo.
De toda forma, este é um assunto que está novamente na ordem do dia e não pode deixar de ser tratado. Porém, estes discursos fáceis de que a solução para a violência está em liberar armas ou colocar o exército nas ruas não resolvem. Nunca resolveu. Por que resolveria agora? Estão aí os números que falam por si. Mas, de um jeito ou de outro, o debate precisa ser travado. Que não esperemos os debates eleitorais para ver este assunto em discussão. Nem podemos depender apenas da versão da grande imprensa, que muitas vezes quer aumentar audiência e vender mais jornal. E que não caia no fácil discurso de que armas e exército resolverão por si próprios o problema da segurança pública em nosso país.
Edição: Monyse Ravenna