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Segurança Pública é a bola da vez no jogo da política

Iniciativas punitivistas apenas maqueiam problemas de violência no país

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Envio de tropas federais ao Rio de Janeiro teve início no último dia 19, após publicação de decreto presidencial
Envio de tropas federais ao Rio de Janeiro teve início no último dia 19, após publicação de decreto presidencial - Francisco Proner Ramos/Mídia NINJA

A segurança pública é a bola da vez no jogo da política. O governo federal, chefiado pelo presidente golpista Michel Temer (MDB), lança mão de uma intervenção militar no estado do Rio de Janeiro, cria um ministério da Segurança Pública e investe em discursos punitivistas inflamados.

Enquanto isso, no Legislativo, parlamentares conservadores, em especial os da chamada "bancada da bala", se articulam no Congresso para emplacar projetos de lei que pedem o aumento de penas para a prática de crimes, ou seja, propostas baseadas na lógica do encarceramento, que já provou por "A + B" que não funciona para resolver o problema da violência no país.

Do outro lado, a oposição rema contra a maré para agilizar projetos que trazem uma visão mais estratégica para lidar com a questão, como, por exemplo, a descriminalização da maconha, a reforma e a valorização das polícias e a universalização do acesso à educação nas prisões.

Diante de uma crise complexa na segurança pública, é preciso buscar esse tipo de mudança mais profunda, que atua na raiz do problema. Mas a disputa não é fácil. As medidas adotadas pelo governo têm o apoio da mídia tradicional, que diariamente alimenta o discurso conservador de combate à violência com ações punitivistas.

É preciso ressaltar que essas iniciativas extravagantes são, nada mais nada menos, do que cosméticos para maquiar os problemas verdadeiramente complexos que dizem respeito à violência. Mais que isso, são medidas que reforçam a luta por capital eleitoral. Cabe agora ao povo dizer "não" a esse tipo de política e batalhar por uma solução mais democrática e cidadã para o problema da violência.

 

Edição: Anelize Moreira