Dia da Mulher

Atos em Curitiba e no interior mobilizam mulheres paranaenses no 8 de março

Principais pautas foram o fim da violência de gênero e dos retrocessos aos direitos das trabalhadoras

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Em Curitiba, faixas, cartazes, música e poesia foram algumas das formas de ecoar as reivindicações das mulheres
Em Curitiba, faixas, cartazes, música e poesia foram algumas das formas de ecoar as reivindicações das mulheres - Giorgia Prates

No Paraná, mulheres de diferentes municípios mostraram que estão “na rua para lutar”. Atos foram registrados em ao menos dez cidades neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. Por meio de faixas, cartazes, poesia e música, elas deixaram o seu recado: o de que não aceitarão nenhum direito a menos.

Algo simbólico para o estado onde é registrado um caso de violência contra a mulher a cada 24 minutos (de acordo com o Ministério Público), e onde estão localizadas nove das 100 cidades onde são registradas as maiores taxas de homicídio de mulheres no País.
 


Foto: Giorgia Prates

A professora estadual Seforah Regeane Ferreira, que participou do ato em Ponta Grossa, destaca o caráter das manifestações em todo o Brasil. “Nossa luta é igualdade. Nenhuma mulher se acha maior do que os homens – e nem menor. Então precisamos de igualdade e paridade”.

Em Curitiba, na capital paranaense, as ações foram marcadas pela diversidade. Mulheres catadoras, surdas, professoras, em situação de rua, trabalhadoras da economia solidária e muitas outras participaram das mobilizações.



Foto: Giorgia Prates

A manifestação iniciou na Praça 19 de Dezembro, conhecida pelos movimentos feministas como Praça da Mulher Nua, e finalizou na Boca Maldita. Cerca de 3 mil pessoas participaram da atividade. A marcha foi composta por cinco atos em diferentes pontos do trajeto, com intervenções artísticas para destacar as várias formas de violência que as mulheres sofrem. No último ato da caminhada, as paranaenses destacaram a condição das mulheres enquanto trabalhadoras e os retrocessos das leis trabalhistas durante o governo de Michel Temer.

A catadora de materiais recicláveis Rosemari Lima veio do bairro Ganchinho, no Sul da cidade, para participar do ato. “A gente está correndo atrás de um direito nosso”, afirma. “Chega de machismo, de homem mandando em mulher. O direito é igual para todos. A gente vem pra rua mostrar que está aqui!”, completa.


Foto: Lia Bianchi

Rosalba Eliane Gomes, integrante da Rede Paranaense de Padarias Comunitárias Fermento na Massa, também participou da manifestação para reivindicar maior igualdade e respeito. “Acreditamos em um mundo melhor para as mulheres e, se elas não saírem às ruas, isso não acontece”, fala Rosalba Eliane Gomes.

Confira as mobilizações em outras cidades paranaenses:

Londrina

Em Londrina, no Norte do estado, as mulheres ocuparam a Câmara Municipal e interromperam a sessão plenária. As manifestantes denunciaram os ataques à políticas públicas na segunda maior cidade do Paraná, como a mudança das sedes do Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM) e da Delegacia da Mulher para zonas distintas, o que dificulta o acesso ao atendimento em casos de violência.


Foto: Pamela Oliveira

O ato em Londrina foi organizado pelo Coletivo Orgânico, criado para o 8 de março.

Ponta Grossa

Em Ponta Grossa, no Centro do estado, cerca de 100 pessoas participaram da Marcha do Dia Internacional da Mulher. As manifestantes se concentraram na praça Barão da Guaraúna, às 16h, e seguiram até o Parque Ambiental. No local, foi realizado um sarau com apresentações culturais e declamação de poesias.

A atividade foi organizada por diversas entidades como a Frente Brasil Popular, e pelos coletivos Mulheres APP Sindicato, Feminista Malalas, Feminista Resistência Amapô e das mulheres CUT Paraná.

Francisco Beltrão

No Sudoeste do Paraná, em Francisco Beltrão, mulheres do campo e das áreas urbanas  marcharam pelas ruas durante a tarde. A ação foi organizada pelo Coletivo Regional de Mulheres e pelo Fórum Regional das Entidades do Campo e da Cidade do Sudoeste do Paraná.


Fotos: Larissa Simão e Raquel Meira

Guarapuava

O Terminal da Fonte, em Guarapuava, ficou repleto de balões com a frase “8 de março: nem tudo são flores, queremos direitos”. Ao longo do dia, também ocorreram panfletagens e roda de conversa sobre o desmonte da previdência e a importância das mulheres ocuparem os espaços de poder.

“Foi um momento de grande interação com as mulheres trabalhadoras e também com os homens que transitavam no local”, disse Mari Malheiros, da Marcha Mundial das Mulheres.

As atividades em Guarapuava foram organizadas pelos sindicatos dos Servidores, Funcionários Públicos e Professoras Municipais de Guarapuava (SISPPMUG), dos Bancários (FESSMUC) e dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato), pela Marcha Mundial das Mulheres, pelo Coletivo Claudia da Silva, pelo Movimento de Mulheres do Alto da XV e pelo mandato da vereadora Professora Terezinha (PT).

Marechal Cândido Rondon

Em Marechal Cândido Rondon, extremo Oeste do Paraná, o ato das mulheres vai ocorrer amanhã, sexta-feira (9). Acontecerá uma roda de conversa sobre o enfrentamento ao machismo, desde a violência até a questão de oportunidades de trabalho e estudo, no Tribunal do Júri da Unioeste, às 19h. Segundo a organização do evento, diferente de uma palestra, todos que entram na roda também podem contribuir com a conversa.

A atividade está sendo organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato Núcleo de Toledo), pela Associação dos Portadores de Lesão por Esforços Repetitivos (AP-LER), pelo Diretório Central dos Estudantes da UFPR e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior do Oeste do Paraná (Sinteoeste).

Outras cidades

Mobilizações também foram registradas em Cascavel, Foz do Iguaçu, Paranaguá e Maringá.

*Esta matéria foi produzida com a contribuição de Diangela Menegazzi, Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm, Júlia Rohden, Lunéia de Souza, Luciano Palagno, Mari Malheiros, Pamela Oliveira, Saori Honorato.

Edição: Diangela Menegazzi, Franciele Petry e Júlia Rohden