Os cubanos foram às urnas nesse domingo (11) para participarem das eleições para a Assembleia Nacional do Poder Popular e as Assembleias Provinciais. Mesmo o voto não sendo obrigatório, os centros eleitorais se mantiveram cheios em Havana desde às 7h.
O Brasil de Fato visitou alguns dos centros de votação para acompanhar o processo eleitoral e conversar com o eleitores cubanos. A dona de casa Mercedes Cabrera Rodriguez contou que saiu cedo de casa para exercer seu direito ao voto. “Nosso voto hoje é importante. Vamos escolher os dirigentes que terão a tarefa de melhorar todas as coisas boas que temos em Cuba, como o estudo gratuito, saúde pública, proteção social para os aposentados e muitas outras coisas”, disse.
Já o estudante Jonatas Ramirez Rey, 19 anos, espera que os legisladores gerem novas oportunidades para os jovens. “Esses deputados vão nos representar na Assembleia Nacional do Poder Popular. Esperamos que eles batalhem para gerar mais oportunidades de trabalho. No meu caso gostaria de poder me desenvolver melhor na carreira que estou estudando”, diz o estudante de engenharia aeronáutica.
Diferente de eleições em outras partes do mundo, em Cuba, os candidatos não podem fazer propaganda eleitoral. No centro de votação, um cartaz informa quais são os candidatos e a biografia de cada um deles. Dessa forma, as eleições cubanas se tornam muito discretas e para os turistas que visitam o país, quase imperceptíveis.
E foi assim, discreto, que o atual presidente do país, Raul Castro, foi votar nas primeiras horas da manhã. Raul vota na província de Santiago de Cuba, onde também é candidato a deputado da Assembleia Nacional. O presidente anunciou, em dezembro passado, que não vai mais se candidatar à presidência do Conselho de Estado e chefe do governo cubano e que pretende continuar no parlamento do país e na direção do Partido Comunista Cubano.
Em abril, a Assembleia Nacional, eleita nesse domingo, vai votar e definir quem será o próximo presidente do país, conforme estabelece o sistema político parlamentar cubano.
Um dos nomes mais cotados para assumir o posto é o atual primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Miguel Díaz-Canel Bermúdez. Da província onde nasceu, em Villa Clara, na região central da ilha, ele mandou um recado à população de Cuba. “O governo que estamos elegendo hoje será um governo do povo. Quem se eleger terá que conduzir seu mandato junto ao povo e buscar solução para os problemas identificados”, disse à imprensa cubana.
Diaz-Canel é o próprio símbolo da nova geração de políticos. Ele é primeiro dirigente nascido depois da Revolução Cubana a assumir o posto de vice-presidente do Conselho de Estado da Assembleia Nacional. O que o converte no segundo homem na linha de mando do país, depois do presidente.
Renovação
O eleitor Karel Renzoly Green, funcionário da TV Cuba Visión, acredita que o processo eleitoral em Cuba também significa renovação. “Estamos aqui para decidir o futuro do nosso país, pois estamos prestes a uma mudança geracional do deputados que nos representam. Nossa velha guarda, os homens que fizeram a Revolução, vão ceder lugar aos jovens que foram preparados para isso”, diz o cubano.
Para o médico Julio Cesar Bareal Mareachea o principal desafio desse novo parlamento é garantir as conquistas da Revolução Cubana. “Nosso voto hoje é pela unidade, em apoio à Revolução Cubana. Nossa principal tarefa aqui é manter as conquistas da Revolução, pelas quais tanto se lutou. No setor econômico precisamos buscar a maneira de sustentar nossas conquistas. Essas são as questões fundamentais”, ressaltou.
Edição: Nina Fideles