Nesta quinta-feira (15), é comemorado o Dia do Consumidor, data em que especialistas reforçam o alerta sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis e dentro dos padrões de segurança. Ao longo da semana, diversas regiões do país recebem atividades relacionadas ao tema.
No próximo domingo (18), por exemplo, organizações da sociedade civil vão realizar uma roda de conversa no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, a partir das 10h30, para debater o assunto com a população.
Uma das preocupações é alertar as pessoas sobre os riscos do consumo de alimentos cultivados com pesticidas, que impõem riscos à saúde e ao meio ambiente. A militante Carla Bueno, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, destaca a necessidade de reforçar a luta por modelos de produção sustentáveis e que não comprometam a saúde coletiva.
“As pessoas até alcançam a consciência de que precisam se alimentar de forma mais saudável, mas elas não encontram muitas alternativas. A estratégia é alcançar os setores populares pra que eles também possam se mobilizar e lutar por uma alimentação saudável”, afirma.
Ela acrescenta que a questão dos agrotóxicos se conecta com o debate sobre o cultivo de alimentos geneticamente modificados. Nos espaços de produção do agronegócio, é comum a associação das duas práticas.
Uma proposta que tramita atualmente no Senado pode generalizar o consumo de transgênicos porque torna mais difícil a identificação desse tipo de alimento por parte do comprador. É o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015, que flexibiliza as normas para a rotulagem desses produtos. O combate à medida é uma das preocupações das entidades que acompanham o tema.
A nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), destaca que o projeto compromete o direito à informação, garantido pelo Código de Defesa do Consumidor. Ela acrescenta que a ciência ainda não é capaz de prever todos os riscos trazidos pelos transgênicos, porque muitos estudos não consideram as possíveis consequências a longo prazo. No entanto, já há evidências de que esses produtos aumentam as chances de alergias alimentares e casos de câncer.
“Pelo princípio da precaução, a gente deveria não consumi-los, mas, como tem hoje grande pressão do agronegócio pra produzir alimentos transgênicos, o consumidor tem, no mínimo, o direito de ser informado se está consumindo ou não esse produto”, defende.
A bancária aposentada Silvanda Sampaio é uma das pessoas que ficam atentas a todos os detalhes dos rótulos dos alimentos. Adepta de uma alimentação mais natural, ela não consome transgênicos e observa especialmente as embalagens de milho.
No Brasil, o produto é um dos vegetais que mais têm culturas transgênicas, com 88,4% das áreas de cultivo dominadas por esse tipo de produção. Divulgado em 2017, o dado é do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa).
“Eu acho um absurdo isso. Tenho medo até de comprar aqueles milhos de pipoca. Eles querem sempre enganar o consumidor”, critica a consumidora.
Segundo o Isaaa, em 2016, o Brasil foi o país onde houve maior crescimento de culturas transgênicas, com 11% de aumento em relação ao ano anterior.
Edição: Juca Guimarães