Tristeza, dor e revolta pela morte de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), marcaram a manhã desta quinta-feira (15) no Fórum Social Mundial em Salvador (BA). A atividade de denúncia do assassinato da vereadora começou por volta das 10h, na Tenda Sem Medo, onde dirigentes de movimentos populares, organizações e partidos políticos denunciaram o extermínio do povo negro e o golpe à democracia.
Após a mesa, uma grande marcha levou centenas de pessoas por todo campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e avenidas no entorno. Durante a caminhada, as mulheres, em sua maioria negras, gritaram com vozes, por vezes embargadas, contra o extermínio da população negra. Entre as falas, foi pedido um minuto de barulho, seguido da frase “não vamos nos calar”.
Alessandra Nzinga, mulher negra e militante que retornou as atividades políticas a convite de Marielle, lamenta: “eu não sei dizer o que estou sentindo agora, porque ela era muito próxima. O que posso dizer é que junto com o sonho da Marielle morre o sonho da favela, da periferia, das vielas e os nossos sonhos. Nós, que não acreditávamos mais no movimento institucionalizado para nos representar, começamos a acreditar de novo com a Marielle. Ela voltou seus olhos para nós, porque somos o povo dela. E ontem tudo isso morreu. Embora estejamos nos empenhando para não deixar essa dor sucumbir e continuarmos a luta para que a morte dela não seja em vão, está muito difícil”.
Fábio Nogueira, presidente estadual do Psol da Bahia, afirma que “aqueles que tinham dúvida em relação ao golpe de caráter autoritário que a gente está vivendo tem mais um episódio. O assassinato de Marielle é o assassinato de um projeto de um sonho. É muito grave o que estamos assistindo. É desolador ter uma liderança, uma mulher negra, da Favela da Maré, militante dos direitos humanos, sendo morta de forma tão brutal. Nós não vamos aceitar que isso fique impune”.
Gleisi Hoffmann, senadora e presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), também se pronunciou durante o ato. “Essa é uma caminhada de dor e revolta. A morte de Marielle simboliza uma série de outras mortes que estamos tendo no Brasil. E é preciso que o mundo saiba o que está acontecendo aqui. A política de enfrentamento às drogas é um política de enfrentamento às pessoas pobres desse país. Marielle é símbolo de resistência. Todos nós das esquerda precisamos nos unir para enfrentar os retrocessos”, observou.
*com colaboração de Lilian Campelo
Edição: Monyse Ravenna