Resistência

“Eu resolvi defender a minha honra”, diz Lula em ato no Fórum Social Mundial

Comitê internacional em defesa do ex-presidente será lançando em Portugal

Salvador (BA) |
O ex-presidente Lula criticou a Globo e disse que mesmo que o prenda os seus ideais estão com o povo
O ex-presidente Lula criticou a Globo e disse que mesmo que o prenda os seus ideais estão com o povo - Ricardo Stuckert

“Caráter e honra a gente não compra, a gente nasce com elas”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (15) na 13ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) em Salvador, Bahia, durante o ato pela democracia, realizado no Estádio Roberto Santos, mais conhecido como Estádio de Pituaçu.

O petista estava acompanhado de vários representantes de estados do partido, parlamentares, lideranças nacionais e internacionais e ao iniciar sua fala se dirigiu a outros pré-candidatos à Presidência da República como Manuela d´Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (Psol), dizendo que fica feliz em ver dois jovens candidatos, disputando as eleições.

Lula lembrou que o partido conseguiu eleger a primeira mulher presidenta, Dilma Rousseff. No mesmo momento, falou sobre a morte da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, e enfatizou que aqueles que a mataram espalharam pelo Brasil as ideias da militante pelos direitos humanos: “hoje, no Brasil inteiro, têm Marielles espalhadas pelas ruas de cidade grande e pequena”.

Mesmo apresentando problemas na garganta, Lula disse que o que o motivou a ir para o Fórum foi a “ofensa que fizeram ao companheiro Jaques Wagner”. Lula disse que tentam criminalizar ex-ministro e ex-governador da Bahia e aconselhou o amigo que lute como ele.
 “Caráter e honra a gente não compra, a gente nasce com elas, e eu resolvi defender a minha honra", ressaltou.

Lula ainda narrou os avanços que o governo dele e de Dilma conquistaram como a regulamentação do petróleo, a criação do Mercosul e do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em um momento histórico em que outros países da América Latina, como Venezuela, Honduras, Uruguaia, Chile, Uruguai, cuja gestão era pela esquerda, também promoveram conquistas para o povo.

Centenas de pessoas participavam do ato em defesa do Lula ser candidato realizado no estádio Pituaçu, em Salvador / Foto: Lilian Campelo

Chegando ao fim de sua fala, o ex-presidente disse aos participantes do Fórum Social Mundial que não adianta persegui-lo e impedi-lo a ser candidato porque as ideias dele estão e fazem parte do povo.

“Querem me prender para calar minha voz, eu falarei pela voz de vocês, querem me prender para eu ficar preso numa cela e não poder andar, eu andarei pela perna de vocês, querem me prender numa cela para não emitir pensamento, querem me prender para que eu não continue na luta, mas vocês continuaram”, acredita.

Antes do pronunciamento do ex-presidente, outras lideranças fizeram o uso da palavra como o governador da Bahia Rui Costa (PT). Ele falou que luta pela democracia no Brasil e no mundo e se mostrou preocupado com a intervenção e censura que algumas universidades estão sofrendo. Ele se referiu à pressão que alguns professores estão sofrendo por conta da disciplina sobre o golpe de 2016 que está sendo ministrada em algumas universidades do país.

Com a filha no colo, Manuela D’ávila lembrou do primeiro Fórum Social Mundial, que ocorreu em Porto Alegre em 2001, e disse que o país vivia um momento de conquistas e que nesse Fórum a palavra de ordem é “resistir”, mencionando o assassinato de Marielle. Concluiu dizendo que aquele ato não era uma ação eleitoral, mas um ato em defesa da democracia e pelo direito de o povo votar.

Ainda no dia 15 pela manhã, no campus Ondina, da Universidade Federal da Bahia, foi feito o lançamento do Comitê Internacional em Solidariedade a Lula que contou com a presença de representantes da França, Itália, Venezuela, Cuba, Argentina, Chile, Bolívia, Uruguai, Congo e Nigéria, que defenderam o direito de Lula ser candidato nas eleições de outubro.

O embaixador do Comitê é Celso Amorim. No dia 12 de abril um Comitê em Defesa da Democracia Brasileira e do Lula será lançado, em Lisboa, Portugal.

 

Edição: Thalles Gomes