Rodrigo Mariano tem 24 anos e há três cursa a faculdade de Direito na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele é um dos 62 jovens indígenas matriculados nesta importante instituição de ensino superior do Rio Grande do Sul.
Membro da etnia Guarani, morador da Terra Indígena do Guarita, localizada entre os municípios de Tenente Portela, Redentora e Miraguaí, no nordeste do Estado, Rodrigo conta que há alguns anos, seus irmãos indígenas estavam à margem das políticas educacionais.
“Esse lugar nunca foi pensado para indígenas. A criação das universidades nunca levou em consideração o acesso dos povos indígenas, nem dos negros”, afirmou.
As políticas de inclusão de jovens negros e indígenas nas universidades do Brasil começou logo com a chegada do ex-presidente Lula ao poder, em 2003. Mas só a partir de 2007, a UFSM implementou as chamadas ações afirmativas, ampliando o acesso das minorias à universidade.
Rodrigo conta com orgulho que dezenas de outros indígenas como ele já passaram pela universidade desde então, transformando a realidade dos povos tradicionais da região.
“A gente tem tornado esse acesso uma ferramenta de combate a todo tipo de opressão, ocupando esses espaços e colorindo a universidade, trazendo outra cor, outra cultura, outro sotaque.”
Rodrigo esteve na tarde desta terça-feira (20) no campus, especialmente para receber aquele que, segundo ele, foi o responsável pela transformação de sua vida, e da vida das comunidades indígenas do Rio Grande do Sul.
“O Lula simplesmente foi quem deu o impulso para o acesso das minorias às universidades. Regionalizou o ensino superior, criando as universidades, como a Unipampa. Então ele é o cara!”, afirma.
O processo de regionalização do ensino universitário é tido como uma das principais conquistas dos trabalhadores do interior do país, em matéria de educação. A Unipampa (Universidade Federal do Pampa) é um exemplo, com campis em 10 cidades gaúchas: Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.
Além disso, foram criados três Institutos Federais no estado: o Rio Grande do Sul (IFRS), com reitoria em Bento Gonçalves; o Farroupilha (IFF), com reitoria em Santa Maria; e o Sul-Riograndende (IFSul), com reitoria em Pelotas. Vinculados a estes institutos estão 23 campus de educação profissionalizante espalhados por todas as regiões do estado do Rio Grande do Sul.
Encontro com reitores
Lula esteve na UFSM acompanhado da ex-presidenta Dilma Rousseff, onde se reuniu com reitores e membros da comunidade acadêmica, além de deputados estaduais e federais, para discutir os rumos da educação no país.
Em sua intervenção, Dilma relembrou os investimentos feitos pelos governos petistas e a determinação de seu governo, em particular, para levar adiante o projeto Pátria Educadora, que buscava transformar o Brasil em um país de excelência em educação de qualidade.
Já Lula, destacou a importância de um projeto sério de educação, para que o país possa ter capacidade de competir com as chamadas economias centrais. “Não há exemplo na história da humanidade de um país que tenha se desenvolvido sem antes investir na educação. A educação nos dá competitividade em preços no mercado exterior, nos dá a possibilidade de deixar de ser exportador de matéria-prima para sermos exportadores de conhecimento e inteligência.”
O ex-presidente ainda prometeu, caso seja eleito nas próximas eleições, federalizar o ensino médio, que vem sofrendo um desmonte, promovido pelo governo golpista de Michel Temer.
A visita à UFSM faz parte da caravana Lula Pelo Brasil, que está em sua quarta edição na região sul do país. A caravana começou na segunda-feira (19) e vai até o dia 28 de março. Serão mais de três mil quilômetros percorridos nos três estados, totalizando 19 cidades visitadas.
Edição: Camila Salmazio