Nesta quarta-feira (21), um apagão na rede básica interrompeu o fornecimento de energia para todos os municípios dos estados do Maranhão e de Tocantins, além de partes do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e Piauí.
A Compania Energética do Maranhão (Cemar) apontou uma falta no suprimento de responsabilidade da Eletrobrás Eletronorte como causa da falta de energia. De acordo com a assessoria de imprensa da Cemar, há informações preliminares que sinalizam também problemas na Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entidade responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), informou, em nota, que houve uma perturbação no sistema, causando o desligamento de cerca de 18.000MW, correspondendo a 22,5% da carga total do SIN naquele momento.
O ONS aponta ainda que as causas do apagão ainda estão sendo investigadas. Para Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor-executivo da Petrobras, o sistema energético no Brasil se encontra, atualmente, "estressado".
"O fato é que o sistema está estressado no Brasil, porque não temos feito a manutenção preventiva, centrada na confiabilidade. Há toda uma série de questões que não vêm sendo cumpridas e o Governo só está interessado em cuidar do negócio", afirmou.
Para Sauer, o Projeto de Lei (PL) 9.463/2018, que tem como objetivo privatizar a Eletrobras, atualmente em trâmite no Congresso Nacional, é um exemplo dos interesses financeiros do governo.
"Há, agora, um Projeto de Lei na Câmara dos Deputados que pode piorar muito o sistema elétrico, criando mercados competitivos que vão continuar aumentando a tarifa sem melhorar a qualidade. O Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, tem uma equipe voltada para atender o lobby dos interesses financeiros. Já a manutenção, centrada em confiabilidade tanto das centrais de geração quanto da transmissão e distribuição, não está no patamar adequado. Acidentes podem acontecer, mas você tem que ter reserva disponível para atender a carga", afirmou.
O Ministro Fernando Coelho Filho se filiou ao partido do presidente Michel Temer, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), nesta quarta (21). Ele pretende deixar o comando do Ministério até o dia 7 de abril, prazo limite para que políticos que pretendam disputar cargos nas eleições de outubro deixem cargo públicos.
Edição: Thalles Gomes