América do Sul

Presidente do Peru renuncia após escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht

Pedro Pablo Kuczynski, do PPK, renunciou nesta quarta (21); futuro do país é incerto

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Kuczynski anunciou sua renúncia em um pronunciamento oficial nesta quarta (21)
Kuczynski anunciou sua renúncia em um pronunciamento oficial nesta quarta (21) - Agência Brasil

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou ao cargo nessa quarta-feira (21). O agora ex-presidente enfrenta denúncias de corrupção envolvendo a Odebrecht correspondentes ao período em que atuou como ministro durante o governo de Alejandro Toledo (2001-2006).

A saída da presidência ocorre após a divulgação de vídeos e áudios nos quais o congressista Kenji Fujimori oferecia a construção de obras públicas a outros parlamentares em troca de votos para salvar Kuczynski na segunda votação de seu impeachment no Congresso, que aconteceria nesta quinta-feira (22).

A divulgação da negociação foi realizada por Keiko Fujimori, presidenta da FP e irmã de Kenji, em um contexto de disputas políticas internas entre os dois irmãos. Os fujimoristas são a principal força política de direita do país, ancorada na figura de Alberto Fujimori e seus descendentes, Keiko e Kenji.

Assim que a pressão pela renúncia de Pedro Pablo Kuczynski começou a aumentar, o então vice-presidente e embaixador do Peru no Canadá, Martin Vizcarra, declarou, em sua conta do Twitter, que retornaria imediatamente ao seu país. "Estou indignado com a atual situação, como a maioria dos peruanos. Mas tenho a convicção de que juntos demonstraremos mais uma vez que podemos seguir adiante", escreveu na rede social.

Vizcarra chegou a ser ministro de Transportes e Comunicações do Peru entre julho de 2016 e maio de 2017, mas foi obrigado a renunciar devido a pressões dos fujimoristas. Agora, o vice-presidente afirma que retornará para se colocar "à disposição do país, respeitando a Constituição" e deverá assumir a presidência do Peru nesta sexta-feira (23) em um cenário de desgaste político e social.

Em dezembro de 2017, Kuczynski concedeu liberdade ao ex-presidente peruano Alberto Fujimori, que cumpria uma pena de 25 anos de prisão por violações aos direitos humanos e corrupção, após uma negociação com Kenji Fujimori para que a FP votasse contra seu impeachment na primeira votação do Congresso, realizada naquele mesmo mês.

Insatisfação

Consultada pelo portal peruano La Mula sobre a atual situação do país, a socióloga Alicia Del Águila avalia que o parlamento do país também está deslegitimado.

"Ao rejeitar o pedido de impeachment de Fujimori [em dezembro de 2017], os congressistas também se tornaram responsáveis por esta crise. De fato, é difícil prever um cenário positivo para este Congresso, marcado pelas disputas entre os dois Fujimori - os irmãos Keiko e Kenji- ao estilo político dos anos noventa. Vizcarra deve fazer o que Kuczynski não fez: não abaixar a cabeça para o fujimorismo", declarou.

Uma pesquisa realizada pela empresa GFK, entre os dias 17 e 20 de março, demonstra o grau de insatisfação da sociedade peruana com o atual cenário político do país.

Publicada nesta quinta-feira (22) pelo jornal La República, a pesquisa indica que o Congresso do país conta com apenas 11% de aprovação popular. A pesquisa indicou que, caso Kuczynski fosse destituído, apenas 26% dos entrevistados apoiavam que o vice-presidente Vizcarra assumisse a presidência do país até 2021. Para a maioria do peruanos, novas eleições gerais deveriam ser convocadas.

*Com informações do portal Lamula.pe.

Edição: Thalles Gomes | Tradução: Luiza Mançano