O general da reserva Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, ex-comandante dos comandos militares Leste e Amazônia, além de ex-presidente do Clube Militar, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira (3), que a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua subsequente participação nas eleições presidenciais deste ano pode ser um “indutor da violência” que poderia levar a uma intervenção militar para “garantir a ordem”.
Referindo-se a hipotéticas alterações na Lei da Ficha Limpa para permitir que Lula assuma o cargo de presidente, caso vença as eleições, Lessa disse ainda que “a interferência das forças armadas” no processo democrático “sem dúvida causará derramamento de sangue”.
Lessa faz coro com outros ex-militares, alguns deles com pretensões eleitorais no pleito deste ano, que têm se manifestado contra a participação de Lula nas eleições presidenciais por conta de sua condenação em primeira estância pelo juiz Sérgio Moro. As afirmações do general, porém, tratam um eventual novo golpe militar no Brasil de forma mais direta.
O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) reagiu às afirmações do general cobrando sua prisão por conspiração. "O Supremo deveria julgar somente olhando a Constituição, mas vai julgar com a faca no pescoço. É muito grave. Estamos vivendo uma ameaça pública de golpe militar. O general Luiz Gonzaga Lessa cometeu um crime de conspiração. Quando uma Suprema Corte é ameaçada de golpe militar se tomar uma decisão de respeito à Constituição, isso em lugar nenhum do mundo pode ser chamado de democracia”, afirmou.
“Não se admite numa democracia que um general emparelhe a Suprema Corte”, completou o petista.
O Exército informou à imprensa que baliza sua atuação de acordo com os parâmetros constitucionais e que as declarações de Lessa representam apenas a opinião pessoal do ex-militar.
Edição: Juca Guimarães