O voto do ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu a rejeição do pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repercutiu amplamente entre autoridades e imprensa internacional.
No Chile e no Peru alguns jornais destacaram o assunto como resultado da última etapa do golpe no Brasil.
Em sua conta no Twitter, Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile reiterou seu apoio a Lula. Em seu post o chileno afirmou confiar que "as instituições democráticas corrijam estas graves decisões".
Su eventual encarcelamiento y eliminación de la competencia electoral profundizará la fractura que atraviesa la sociedad brasileña. Lula es el liderazgo con más apoyo popular y espero y confío que las instituciones democráticas de esa gran nación corrijan estas graves decisiones
Para o portal argentino Pagina/12, a decisão desta quarta foi um “golpe judicial”. A senadora Cristina Kirchner, por meio da sua conta no Twitter, apontou que as elites que estão no poder se utilizam do aparato judicial para impedir que Lula seja candidato.
Hoy en Brasil algo ha quedado definitivamente claro. Lula va a ganar las próximas elecciones presidenciales y las elites del poder, a las que nunca les interesó ni la justicia ni la democracia, utilizan el aparato judicial para su proscripción. Todo nuestro afecto para con él.
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) 5 de abril de 2018
Antes da decisão, o presidente da Bolívia Evo Morales repudiou a frase do General Luiz Gonzaga Schroeder que deixou no ar a possibilidade de um intervenção caso Lula seja eleito. "A América Latina é uma região de paz, qualquer ameaça contra nossos irmãos, é uma ameaça contra todos. Defenderemos a democracia”, disse Morales.
Repudiamos la amenaza de golpe de Estado del Gral. Luiz Gonzaga Schroeder si el hermano Lula da Silva no va preso. América Latina es una región de paz, cualquier amenaza contra nuestros hermanos es una amenaza contra todos. Defenderemos la democracia.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 4 de abril de 2018
A multiestatal Telesur lembrou que o ex-presidente denunciou que sofria perseguição judicial do juiz de primeira instância Sergio Moro, com fim de evitar sua candidatura presidencial.
Para o diário britânico The Guardian, a decisão do STF "é um sério golpe para a sobrevivência política do primeiro presidente da classe trabalhadora do Brasil".
O apoio a Lula foi manifestado também por membros do Parlamento do Mercosul, da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) do Parlamento Europeu, assim como parlamentares centro-americanos de esquerda, do Parlamento Andino e Parlamento Latino-Americano, segundo o documento enviado à Agência EFE por deputados do Parlasur, com sede em Montevidéu.
"Nós, parlamentares europeus e latino-americanos, manifestamos preocupação com a democracia brasileira e repudiamos mais uma violação aplicada pelo Poder Judiciário contra a Constituição e o devido processo legal", diz o documento.
O Partido Comunista francês afirmou também a sua solidariedade ao ex-presidente e qualificou a decisão do STF como uma nova tentativa de golpe de Estado contra a democracia.
Para o jornal argentino El Intransigente, Víctor Hugo Morales, jornalista uruguaio assegurou o peso dos meios de comunicação para a negação do habeas corpus de Lula.
Rafael Correa, ex-presidente de Equador enviou solidariedade. "Todos sabem que o crime de Lula foi ter tirado 38 milhões da pobreza", afirmou.
Por fim, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou como injustiça o que aconteceu com Lula. "A direita, ante da sua capacidade de ganhar democraticamente , elegeu o caminho judicial para amedrontar as forças populares", pontuou.
Edição: Juca Guimarães