Após o juiz Sérgio Moro ter determinado a prisão do ex-presidente Lula no final da tarde desta quinta-feira (5), uma ampla mobilização foi convocada no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo do Campo. Diversos dirigente políticos, movimentos populares e militantes participaram do ato. A vigília pelo ex-presidente continuará ao longo desta sexta-feira (6).
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi um dos participantes do ato de vigília. Ele conversou com o Brasil de Fato e destacou o paralelo do que acontece hoje com a época da Ditadura Militar, que completou 54 anos no último dia primeiro de abril, tendo início em 1964 e indo até 1985.
"Já invadiram esse sindicato aqui na Ditadura Militar uma vez para prender Lula. Vai ter um mar de gente aqui para resistir junto com Lula", afirmou.
Também presente no ato, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) destacou que as arbitrariedades do processo da Operação Lava Jato e da tentativa de criminalização do ex-presidente Lula não começaram agora. "A pressa do juiz Sergio Moro é compatível com as arbitrariedades que ele já fez com o Lula, que foi a condução coercitiva, a abertura do áudio com a Dilma Rousseff, tudo isso contribui para ver que os juízes estão violando o estado democrático de direito", destacou.
O psolista ainda caracterizou esse histórico de ações contra Lula como uma perseguição política.
"Então certamente isso não pode acontecer com a justiça brasileira, a parcialidade, o endereçamento que eles estão fazendo é uma perseguição política. Os atos judiciais não podem ser políticos, tem que ter provas materiais. A mesma coisa a decisão do Supremo Tribunal Federal, que devia ter julgado o mérito da presunção de inocência, e não o habeas corpus", ponderou Valente.
A mobilização em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista histórica na luta dos trabalhadores, conta também com grande participação de movimentos da juventude brasileira. A economista e militante do Levante Popular da Juventude Juliane Furno destacou a importância da mobilização em um momento de acirramento político como esse.
"Quem ainda tem disposição de vir para cá, o espaço está aberto. Estamos acolhendo todo mundo. A ideia é que vá chegando gente aos poucos e a gente possa mostrar de fato uma grande ação e mobilização do povo brasileiro em um momento em que os holofotes da mídia não só nacional, mas internacional, todos vão estar olhando para esse sindicato. E acho que é tarefa e dever dos movimentos sociais virem aqui, não prestar uma solidariedade individual ao ex-presidente Lula, mas principalmente uma orientação de que a esquerda está organizada, e que a gente não vai resistir passivamente nem indiferente a esse ataque à democracia e aos direitos políticos brasileiros".
Para esta sexta-feira (6), estão sendo convocados atos em diversas capitais do país. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), prevê parar rodovias em protesto contra a prisão de Lula. Segundo o dirigente do movimento, João Paulo Rodrigues, serão 85 pontos de bloqueio em todo o país.
Edição: Mauro Ramos